07/04/2020 às 14h53min - Atualizada em 07/04/2020 às 14h53min

Lula defende pela primeira vez impeachment de Bolsonaro

Ab Noticia News
Terra
Reuters
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não tem "estatura psicológica" para o cargo e deveria renunciar ou passar por um processo de impeachment, uma vez que aposta no caos em meio à pandemia de coronavírus.
"Acho que estamos em uma situação complicada porque acho que Bolsonaro não tem uma estatura psicológica para continuar governando o país. Ou esse cidadão renuncia ou se faz um impeachment, porque não é possível que alguém seja tão irresponsável de brincar com a vida de milhões de pessoas como ele está brincando", disse Lula em vídeo de uma conversa com o ex-candidato a presidente pelo PT Fernando Haddad, na quarta-feira.
Lula criticou duramente o pronunciamento feito por Bolsonaro na terça-feira à noite, em que o presidente reclama das medidas de isolamento social e fechamento de comércio e empresas decretadas por Estados, e disse que Bolsonaro "não se preocupa com a verdade" e quer "criar o caos social".

"Os governadores e a sociedade estão com mais responsabilidade que ele, então ele fica apostando na desgraça para depois dizer: 'Tá vendo eu, não falei?', 'Tá vendo, eu não avisei?'. Nós teremos muito mais problemas, e eles serão muito mais graves quanto menos responsável for o presidente da República", afirmou Lula.

A posição de Lula a favor do impeachment de Bolsonaro é uma mudança no discurso do ex-presidente. Há menos de um mês, durante viagem a Europa, Lula afirmou que havia alertado o PT que era preciso ter paciência.

"Eu tenho alertado o PT a ter paciência, porque nós temos que esperar quatro anos. A não ser que ele (Bolsonaro) cometa um ato de insanidade, cometa um crime de responsabilidade, e a gente então possa fazer o impeachment dele, mas se não fizer isso, nós não podemos achar que nós podemos derrubar um presidente porque não gostamos dele. Não podemos", disse em entrevista ao jornal francês Le Temps.

Desarticulada, a oposição, especialmente o PT, estava evitando entrar no tema do impeachment para não ser acusada de oportunismo político. Sob a liderança de Lula, o partido tem evitado que o "fora Bolsonaro" seja oficialmente incluído entre as bandeiras do partido.

Recentemente, no entanto, o PSOL apresentou um pedido de impeachment de Bolsonaro ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Outro pedido foi apresentado pelo deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), ex-aliado de Bolsonaro.

No vídeo de Lula e Haddad, uma conversa de 40 minutos transmitida ao vivo nas redes sociais do ex-presidente, Lula não trata mais do tema e nem Haddad pergunta. Ao distribuir na sequência o vídeo nas redes, a assessoria de Lula também não destaca a fala do presidente sobre impeachment.

O ex-presidente citou sua experiência na condução do país durante a crise econômica de 2008 --ressalvando que são crises diferentes-- para lembrar que o papel de um presidente durante uma crise é unir o país, ouvir especialistas e encontrar as melhores soluções.

"O Bolsonaro não está preparado para tocar esse país. Um presidente não é obrigado a saber de tudo, mas quando você não sabe, você consulta a sociedade, os especialistas, os governadores. Coisa que em nenhum momento ele fez", criticou.
 


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