O setor de serviços tirou o mercado formal de emprego de Campinas (SP) do vermelho em 2018. A cidade gerou 4.973 vagas com carteira assinada, mas 4.868 delas estão vinculadas ao setor terciário, o que representa 97% deste total.
Os dados foram divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia.
Para o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas Roberto Brito de Carvalho, uma das explicações é o fim da crise econômica.
Outra fator que contribuiu é o fato do setor terciário ter mais agilidade quando o assunto é contratações na comparação com a indústria, já que precisa de menos investimentos.
O economista da PUC também destaca a descentralização das atividades econômicas da capital paulista para cidades mais próximas, como Campinas. Um dos facilitadores são os avanços tecnológicos, como os aplicativos para celulares e as conexões de internet cada vez mais comuns.
“As dificuldades inerentes na capital, como custo e mobilidade, levam os serviços para cidades próximas. Pequenos investimentos em computadores têm facilitado a regionalização”, afirma o professor de economia.
O especialista ainda não descarta que a reforma trabalhista tenha influenciado nas contratações, pois muitas destas vagas estão atreladas à terceirização nas indústrias. " É um elemento que precisa ser amadurecido", disse ele.
Com a alta no setor terciário, o estudante de publicidade e propaganda Alberto Júnior, de 23 anos, conseguiu trocar de emprego em agosto do ano passado. Ele trabalha agora em uma agência de turismo.
" Nunca tinha passado pela minha cabeça trabalhar nesta área, mas acabei procurando emprego na minha área , e vi que não estava compensando financeiramente", disse ele.
Para ele, vaga no setor de serviços está mais fácil do que no de publicidade e propaganda. O motivo é o fato de estar no segundo ano do curso, além da pouca experiência na profissão.
O G1 encontrou o auxiliar de apoio logístico Tiago Francisco Alves, de 21 anos, em uma agência de empregos nesta semana. Ele está desempregado há menos de uma semana, e disse que não tinha tido sorte naquele local. Diante disso, tentaria outra agência para buscar um novo trabalho.
"Muitas pessoas ainda estão desempregadas. Eu mesmo já fui auxiliar de apoio, operador de empilhadeira, vendedor interno e, mesmo assim, está difícil se recolocar no mercado", comenta Alves.
A estudante de direito Talita Santos Neto Pereira está desempregada há 3 meses, mas admite que procura emprego em qualquer área. "No momento, é o primeiro que aparecer", afirma.
A Viviane da Cruz Ferreira, de 28 anos, sempre trabalhou no ramo de farmácia, mas atualmente está no setor de serviços. O emprego atual foi conquistado no final de 2018, um ano após ser desligada do trabalho anterior. E, segundo ela, não foi fácil se recolocar no mercado formal.
"Foi bem complicado arranjar um emprego porque está muito concorrido. Muita gente sem trabalho", finaliza.
Evolução do Emprego em Campinas em 2018
Setores | Total admissão | Total desligamento | saldo | variação% |
Extrativa mineral | 19 | 52 | -33 | -14,60 |
Industria da transformação | 14.937 | 14.711 | 226 | 0,44 |
Serviço da indústria de utilidade pública | 622 | 507 | 115 | 2,44 |
Construção civil | 8.283 | 8.358 | 25 | 0,17 |
Comércio | 38.777 | 39.149 | -372 | -0,42 |
Serviços | 83.312 | 78.444 | 4.868 | 2,32 |
Administração pública | 172 | 92 | 80 | 3,47 |
Agropecuária | 701 | 637 | 64 | 3,54 |
Total | 146.923 | 141.950 | 4.973 | 1,33 |