No passado, era comum enxergar as equipes de TI como responsáveis apenas pela parte técnica e, consequentemente, sem contato e relacionamento com as demais áreas de uma empresa. Dessa forma, esses profissionais tinham os papéis menos importantes nas decisões estratégias da organização. Contudo, hoje a situação se inverteu. Com a importância cada vez maior dos recursos tecnológicos no dia a dia, esses colaboradores amadureceram as posições e exercem um papel fundamental no ambiente corporativo - graças, principalmente, à aceitação das soft skills.
O termo refere-se às habilidades consideradas comportamentais, como comunicação, criatividade, liderança e resiliência, e que complementam as hard skills, que são os conhecimentos técnicos aprendidos para determinada profissão. Uma pesquisa realizada pela Career Builder, em 2014, já mostrava que as soft skills são consideradas tão importantes quanto as habilidades técnicas para 77% dos gestores. Apesar disso, um levantamento recente da Capgemini indica que 60% das corporações enfrentam uma crise em desenvolver esse conceito entre os funcionários.
Ver profissionais de TI se aprimorarem tecnicamente, mas não desenvolverem capacidades de gestão ou de organização é comum ainda hoje em todos os setores. No entanto, por mais importante que a capacidade técnica seja, é essencial que outros fatores como liderança, comunicação e priorização de demandas sejam levados em conta durante a contratação ou estruturação das equipes.
No entanto o conceito tem que estar na cultura da corporação. Estimular as soft skills deve estar na missão e nos valores da empresa, permitindo que todos os funcionários, principalmente aqueles de tecnologia, possam visualizar essa oportunidade no dia a dia. Os responsáveis pela gestão e líderes devem cobrar isso das pessoas e dentro da rotina de trabalho. Desenvolver um processo completo de programação e avaliação dos colaboradores permite analisar e acompanhar cada etapa de desenvolvimento daquele indivíduo.
Além disso, o próprio profissional de TI deve ter em mente que as empresas buscam, cada vez mais, funcionários que tenham essas habilidades comportamentais já desenvolvidas. Nos últimos anos há um movimento em que corporações de diferentes setores estão igualando as soft skills com as hard skills como aptidões necessárias para diferentes funções. No universo da tecnologia, com a evolução das metodologias ágeis e as particularidades do mercado de trabalho, a busca é por colaboradores que estejam aptos para resolver não só a parte técnica, mas também o lado comportamental. A pessoa não é mais avaliada pelo conhecimento tecnológico, mas pela capacidade de se comunicar, liderar e se organizar.
O mundo está vivendo uma revolução tecnológica que está impactando a forma como se vive no mundo e esse movimento de desenvolvimento comportamental e cognitivo no mercado de trabalho ficará mais evidente no futuro. Como se fala ada vez mais de tecnologia, é natural buscar evoluir com as práticas que constroem essas soluções no dia a dia. Seja na seleção ou no desenvolvimento, se tem visto que as empresas estão passando a considerar e a avaliar as soft skills nos profissionais. É uma situação interessante, pois forma profissionais de TI mais versáteis e com uma visão completa do negócio em que atuam, com capacidade de opinar e dar sugestões diretamente relacionadas ao que estão vivenciando diariamente, explica Rui David, CTO da Nimbi.