26/01/2019 às 22h49min - Atualizada em 26/01/2019 às 22h49min

Familiares denunciam descaso da Vale com atendimento e apoio a atingidos por rompimento de barragem

Empresa diz que já disponibilizou acomodações para mais de 800 pessoa

Camila Bastos O Globo
Casa atingida por lama de rejeitos na região de Brumadinho Foto: Mauro Pimentel / AFP

BRUMADINHO — Familiares, ativistas e moradores denunciam o descaso da mineradora Vale com o atendimento e apoio aos atingidos pelo rompimento da Barragem, em Brumadinho. As principais reclamações são o desencontro de informações e a falta de suporte básico.

— Foi só depois que eu reclamei na televisão que uma funcionário da Vale veio me procurar oferecendo hospedagem — conta José Antônio Soares Pereira, 46, que trabalhava como supervisor de serviços gerais na pousada Nova Estância, atingida pelo rompimento da barragem do Córrego do Fundão, em Brumadinho.
No Hospital João XXIII, na região central de Belo Horizonte, ele acompanha a recuperação da esposa, Alessandra 43, e da enteada Talita Cristina, de 15 anos.  Enquanto conversa com a reportagem, José vai da esperança — ao noticiar que esposa e a entada passam bem — à angústia pelo desaparecimento da filha Laís, de 14 anos. As três estavam na pousada no momento do acidente.
 

No Hospital João XXIII, estão 9 vítimas. No primeiro dia, chegaram 4 resgatados no acidente. No sábado mais um foi transferido e ao longo do dia três familiares passaram mal e precisaram de atendimento. Todas estão estáveis.

No mesmo hospital, duas mulheres procuram por notícias do familiar Max Medeiros, funcionário da área administrativa da Vale.

— Uma outra prima esteve no ponto de apoio em Brumadinho e informaram que ele foi resgatado, mas ninguém sabe dizer para onde — conta Nathalia Diniz, 42.

A família, então se dividiu entre os hospitais e UPA's da região, mas até o final da tarde ainda não haviam descoberto o paradeiro do homem e nem confirmado o seu resgate.

O ativista Gabriel Vilaça, de 29 anos, do coletivo Nós, resume na palavra "desespero" o sentimento que tem encontrado nos familiares e vítimas que conversa desde o dia do acidente. Ele, que também tem um primo desaparecido, denuncia que não há um canal oficial e claro de informações e nem uma pessoa designada a conversar com os familiares
 

Vilaça relata que, logo após o acidente, uma moradora usou um mega fone para alertar os moradores no centro de Brumadinho, o que causou um grande caos com comerciantes e moradores, inclusive, correndo para salvar estoques e objetos pessoais de uma possível enchente.

— A desinformação tem sido grande e isso aumenta o desespero das pessoas — avalia.

Vale diz que acomodou 800 pessoas

Em nota divulgada na noite deste sábado, a Vale informou que já disponibilizou mais de 1 milhão de litros de água potável e quase 700 ligações já foram recebidas pelos canais de atendimento 

"A empresa já disponibilizou acomodações para mais de 800 pessoas, além de 40 ambulâncias e um helicóptero para apoio ao resgate. Para o acolhimento e identificação das vítimas, empregados e voluntários atuam nos postos de atendimento. Foram providenciados também 3 caminhões pipa, 500 kits de higiene pessoal, 200 kits de lanche e 200 quilos de ração animal", diz a empresa.

* Especial para O GLOBO

 


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