Segundo a Anvisa, cerca de 13,6 milhões de caixas do medicamento foram vendidas em 2018 e, em 2020, foram 23 milhões, o que representa um crescimento de 71%. Nos anos seguintes, apesar de uma leve queda, a comercialização dele ficou acima dos 20 milhões. Essa elevação abrupta sugere que existe uso abusivo do medicamento, já que pessoas que foram condicionadas a usá-lo não vivem sem ele.
O vício em remédios é apenas um dos exemplos de dependência. Drogas, álcool, tabaco, jogos de azar, pornografia, sexo, videogame, celular e até comida podem levar qualquer indivíduo à sombria realidade dos vícios. Na maioria das vezes, a busca por prazer é a porta de entrada para esse mal que destrói o corpo, a mente, a família e o futuro, mas, apesar de tantos impactos negativos, milhões de pessoas estão presas nesta teia e não conseguem sair.
Dados preocupantes
O Relatório Mundial sobre Drogas 2023 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) revelou que mais de 296 milhões de pessoas usaram drogas em 2021 – um aumento de 23% em relação à década anterior. Esse aumento está relacionado a uma série de fatores, como as desigualdades sociais e econômicas, mas também pode estar ligado ao afrouxamento de medidas que possibilitaram a livre circulação das drogas em muitos países do mundo.
No Brasil, por exemplo, apesar do Senado Federal ter aprovado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) criminalizando o porte e a posse de qualquer quantidade de droga, há uma discussão paralela no Supremo Tribunal Federal (STF) para a liberação da maconha para o chamado consumo próprio. Apesar da tentativa de distinguir usuários de traficantes, uma lei nesse sentido pode abrir brechas para o aumento da circulação da droga e, consequentemente, do seu alcance.
Um número infinito de pesquisas apontam os efeitos negativos da maconha no cérebro humano, principalmente dos adolescentes, entre eles dificuldade de concentração e prejuízos à memória. Assim, toda dependência gera um prazer momentâneo e consequências negativas a longo prazo. A pornografia, por exemplo, que é considerada comum por muitos, pode levar à depressão e à ansiedade, além da dificuldade de se relacionar de modo saudável – danos que tornam o indivíduo ainda mais vulnerável.
Incurável. Será?
Na maioria das vezes, uma pessoa que tem algum tipo de vício é vista como inferior – afinal de contas, ela entregou as rédeas de sua vida para uma substância ou um comportamento. A dependência química, por exemplo, é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, progressiva e fatal, ou seja, é um verdadeiro atestado de morte. “Nós até concordamos quando se fala que o vício é progressivo, porque um abismo gera outro. A pessoa começa com o cigarro e logo está usando a K2, em razão da necessidade de saciar seu desejo pelas drogas. Mas nós não concordamos que ele seja incurável”, afirma o Bispo Nilton Patricio, responsável pelo Tratamento para a Cura dos Vícios na Universal. “Nós temos mostrado que a pessoa que obedece ao que é ensinado no Tratamento passa a ter vida social, a trabalhar e retoma sua dignidade. Muitas prosperam e passam a integrar novamente a sociedade”, completa.
O Tratamento leva o participante a entender que o problema não é a substância em si, mas a força opressora que domina suas ações e reações. Assim, com a extração desse mal, ocorre a libertação do vício e de todo desejo ou fissura. “Para que uma pessoa se liberte de todos os vícios, nós exigimos a obediência à disciplina do Tratamento. Se a pessoa não obedecer o que é falado no Altar, ela não vai obter resultado”, explica.
Milhões de pessoas já passaram pelo Tratamento para a Cura dos Vícios e alcançaram a verdadeira cura, inclusive em São Paulo foi criado o Museu dos Vícios, que contém alguns objetos deixados por aqueles que tomaram a decisão de colocar um ponto final na dependência. No local, garrafas de bebida vazias, pinos que um dia foram usados com cocaína e bitucas de cigarro representam o passado de muitos daqueles que venceram os mais diversos tipos de dependência.
A influência das amizades
Um estudo feito com estudantes de Sorocaba, cidade do interior de São Paulo, mostrou que a influência do círculo social é decisiva quando o assunto é consumo de drogas. Entre os alunos entrevistados, quase 28% afirmaram que tiveram contato com entorpecentes porque um amigo ofereceu e a maioria só usou algum tipo de droga quando saiu com os amigos.
Foi exatamente isso o que ocorreu com a pedagoga Ingrid Estefani Ferreira, de 27 anos. “Aos 14 anos, eu conheci o cigarro por meio de amizades. Depois, tive contato com a maconha, o lança-perfume e a cocaína”, relata. O envolvimento com drogas foi uma tentativa de fugir das lembranças da infância, já que ela sofreu abusos aos 7 anos. “A dor dentro de mim era tão grande que desenvolvi depressão, até que conheci a droga K2. Eu fumava e logo apagava. Por um tempo me sentia bem, pois eu queria exatamente isso: apagar”, destaca.
Ela viveu assim vários anos, até que, durante um surto, Ingrid quebrou tudo dentro de casa. “Eu peguei um caco de vidro e me cortei inteira, porque a minha vontade era morrer”, diz. Depois que foi atendida no pronto-socorro, ela recebeu um encaminhamento para uma consulta no hospital psiquiátrico. “Foi meu fundo do poço”, diz. Mergulhada em sofrimento, ela, que já conhecia o trabalho da Universal, entendeu que precisava da ajuda de uma força maior. “Minha primeira atitude foi liberar o perdão e me libertar daquela mágoa que me consumia. No primeiro domingo depois que saí do hospital, fui à igreja e me batizei nas águas”, conta.
Ao obedecer a cada instrução vinda do Altar, ela se libertou dos vícios, das amizades e de tudo que a afastava de Deus.
“Hoje, eu tenho o Espírito Santo, que é o bem mais precioso da minha vida. É por Ele e para Ele que vivo e não há mais desejo de morrer. Eu tenho paz, sou feliz com a minha família e tenho um trabalho abençoado. Hoje ajudo pessoas que têm os mesmos problemas que eu tive um dia”, conclui.
A evolução dos vícios
Para favorecer a liberação da maconha, muitas pessoas usam como argumento estudos que afirmam que ela, que é derivada da Cannabis sativa, não seria a porta de entrada para outras drogas, mas infelizmente não é o que se vê na prática. No caso de Leonardo Alves Viana Lopes, de 29 anos, por exemplo, o primeiro contato com os entorpecentes foi por meio da maconha.
“Com o passar do tempo, passei a usar lança-perfume, cocaína, haxixe e todo tipo de droga e, inclusive, me envolvi com a criminalidade”, comenta.
Apesar de acreditar que estava no controle da situação, ele se via cada vez mais dependente das substâncias. “Perdi a confiança da minha família, não dava certo com ninguém e nunca conseguia parar em nenhum emprego. Minha família era a rua, a criminalidade”, relata. Para tentar recuperar sua dignidade, ele buscou ajuda em uma psicóloga. “Ela disse à minha família que para mim não tinha jeito. Era a internação ou o caixão”, diz.
Apesar de acreditar que estava no controle da situação, ele se via cada vez mais dependente das substâncias. “Perdi a confiança da minha família, não dava certo com ninguém e nunca conseguia parar em nenhum emprego. Minha família era a rua, a criminalidade”, relata. Para tentar recuperar sua dignidade, ele buscou ajuda em uma psicóloga. “Ela disse à minha família que para mim não tinha jeito. Era a internação ou o caixão”, diz.
Depressivo, completamente desacreditado e por não ver uma saída, ele foi para a Cracolândia.
“Passei três dias lá, desaparecido para a família, e até tentei o suicídio. Foi quando decidi voltar para casa, recebi o convite para ir ao Tratamento para a Cura dos Vícios e fui. Lá, recebi uma oração e em seguida me senti mais leve. Como eu queria essa paz sempre dentro de mim, passei a ir todos os domingos e outros dias da semana para me fortalecer espiritualmente”, descreve.
Depois de 15 anos nos vícios, Leonardo obteve a cura. “Não tive recaída nem fissura. Hoje, tenho paz em casa, não tenho mais depressão e tenho alegria. Posso dizer que sou um bom pai, um bom filho e a prova de que o vício tem cura”, encerra.
Bebida, direção e prisão
Quem pensa que só os adolescentes são suscetíveis aos vícios se engana. Tânia Silva, analista de sistemas, de 45 anos, é uma prova disso. Ela chegou à Universal aos 18 anos, mas não fortaleceu sua comunhão com Deus e, perto dos 32 anos, se entregou à dor de ter perdido dois sobrinhos. “Eu me revoltei contra Deus e virei minha cabeça. Pedi a separação do meu marido à época e me afundei na bebida”, diz.
As conquistas profissionais faziam com que ela se sentisse no controle. “Eu achava que poderia parar a qualquer momento, mas passei a ter problemas de relacionamento e com amigos e, pouco a pouco, perdi a vergonha e a dignidade. Eu passava a noite nos bares e nas baladas, dirigia bêbada, cheguei a bater o carro e fui presa”, narra.
Nem a humilhação de ter passado quatro dias na prisão fez com que ela mudasse de comportamento. “Eu levava uma vida vazia e triste regada a álcool. Então, conheci um rapaz que eu achei que daria certo para namorar sério, mas ele bebia mais que eu. Porém, brigávamos muito e em uma discussão houve agressão. Mesmo alcoolizada fui dirigindo a uma Delegacia fazer um Boletim de Ocorrência e acabei sendo presa por embriaguez ao volante e desacato”, relembra.
Sem o controle da mente e domínio próprio, ela não aceitou uma nova prisão. “Fui levada para a cela, mas me revoltei a tal ponto que me despi, fiz fezes e urina, sujei o meu corpo e a cela inteira”, diz.
Passado o efeito da bebida, ela teve consciência de sua verdadeira condição. “Me bateu um grande arrependimento e comecei a falar com Deus. No dia seguinte fui solta, mas saí decidida a mudar de vida. Fiz um voto com Deus e fui no Tratamento para a Cura dos Vícios”, declara. A decisão foi acompanhada pelo perdão, pelo sacrifício e pelo afastamento de tudo que lembrava os vícios. “Eu nunca mais coloquei uma gota de álcool na boca, a minha família está superfeliz com a minha transformação e tenho uma vida completamente diferente. Hoje o meu foco é levar essa mesma fé para outras pessoas”, diz.
Virando a página
As três histórias contidas nesta matéria provam que é possível mudar de vida, mas, para que isso aconteça, é preciso contar com uma Força maior, que é o Próprio Deus. Muitos preferem depositar suas esperanças em vários tipos de tratamento, mas resistem ao poder sobrenatural da fé e ficam andando em círculos. Se você deseja abandonar os vícios e quer ajuda, não hesite em ir o Tratamento para a Cura dos Vícios. Em São Paulo, ele acontece todos os domingos, às 15 horas, na Avenida João Dias, 1.800, em Santo Amaro.
O Bispo Nilton Patricio destaca que os familiares dos dependentes podem representá-los. “Nós sempre orientamos os pais, os filhos, as avós e as tias a virem lutar pelo familiar, porque o Próprio Senhor Jesus diz que move montanhas e que tudo é possível ao que crê”, explica. Ele recomenda que o familiar leve à reunião “uma camisa, uma garrafa com água ou uma fotografia”.
O Tratamento para a Cura dos Vícios é gratuito, não depende de internação nem são usados medicamentos. Para obter mais informações, acesse viciotemcura.com ou universal.org/localizar, para conhecer outros locais em que o Tratamento ocorre.