02/04/2024 às 14h49min - Atualizada em 03/04/2024 às 00h02min

2014 x 2024: o que mudou na sala de aula com adolescentes

Diretor comenta como o comportamento sofreu modificações ao longo da última década e como a internet tornou-se fator crucial nesta nova realidade, sobretudo no pós-pandemia

Giovanna Rebelo Alves
Anglo
 

Nos últimos dez anos, a pandemia de covid-19 foi o maior acontecimento que transformou a vida da população mundial. Em suas diversas vertentes, o ambiente educacional foi um dos mais afetados, fazendo com que os alunos vivenciassem uma nova realidade de estudo, principalmente com uma aceleração da tecnologia e a necessidade de fazer a escola funcionar no sistema EAD. 

Conforme a pesquisa TIC Educação 2022, 77% dos estudantes acessam a internet nas escolas - não apenas para fins pedagógicos. O percentual cresce à medida que as idades avançam, sendo mais incidente entre adolescentes e adultos, com 82% de 13 a 14 anos, 90% de 15 a 17 anos e 91% de 18 anos ou mais.

Para Marco Antonio Xavier, professor licenciado em Letras pela USP, especialista em gestão escolar e diretor do Colégio Anglo Leonardo da Vinci - unidade de Alphaville - quando falamos dos adolescentes nas escolas na última década, a mudança é grande: “Há dez anos, os jovens faziam selfies e estavam empolgados com os avanços tecnológicos, mas em sala de aula essa presença ainda era tímida e eventualmente usada pelo professor. Hoje, essa presença traz mais desafios, porque o jovem tem mais ansiedade, dificuldade de concentração, falta de paciência e é possível perceber uma menor capacidade de lidar com fracasso e frustração”. 

De acordo com Marco, a internet que vemos hoje, em comparação a 2014, impôs uma nova modalidade de socialização para esses jovens, não só dentro do ambiente educacional, e que se para os adultos é difícil disciplinar o próprio uso de smartphones, para os adolescentes é ainda mais. 

“Os aplicativos de tablets e smartphones bombardeiam os usuários com estímulos rápidos. Vídeos divertidos, comentários e curtidas provocam liberação de dopamina no cérebro, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. O celular pode ser tão viciante como cigarro. Pode causar ansiedade e uma série de problemas no cotidiano deles. Não por acaso, o problema que algumas escolas enfrentam hoje é o uso de cigarros eletrônicos, os chamados vapes”, complementa o diretor.

Em contrapartida, a tecnologia também proporcionou um ensino mais personalizado, a introdução de metodologias ativas e o acompanhamento das métricas de aprendizagem em tempo real, profissionalizando ainda mais o trabalho do professor. Uma das orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o uso das diferentes tecnologias na educação. 

Ainda de acordo com gestor escolar, o problema que se enfrenta é que os jovens se limitam ao uso recreativo da internet nos momentos de aprendizagem, mas é preciso enxergar esse recurso como uma ferramenta de construção de conhecimento e de estímulo à criatividade.

“Os últimos dez anos, sobretudo com a pandemia, nos ensinou que escola é o espaço em que os jovens se socializam, convivendo diariamente com outros jovens como ele. É um aprendizado socioemocional que não se tem em casa e em nenhum outro lugar. Ainda, que a atitude do professor e da escola também tornou-se mais democrática e inclusiva. As formas de avaliação são mais diversificadas e as práticas em sala de aula mais dinâmicas. Além disso, o olhar mais atento contra falas preconceituosas ou práticas de bullying são mais presentes”, finaliza Marco. 


 


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