21/03/2024 às 20h45min - Atualizada em 25/03/2024 às 00h03min

Navegando pelas transições escolares: estratégias e envolvimento familiar

Especialista aborda os desafios e particularidades dos segmentos da Educação Básica e traz dicas para os pais e familiares

Ana Carolina Esmeraldo
Divulgação / FACES Comunicação
A transição entre diferentes segmentos educacionais, como da Educação Infantil para o Ensino Fundamental Anos Iniciais ou do Ensino Fundamental Anos Finais para o Médio, é um momento crucial na jornada acadêmica e emocional dos estudantes. Tanto para crianças quanto para adolescentes, essa mudança, embora emocionante, pode também ser desafiadora aos alunos e suas famílias. São novos ambientes, professores, colegas e expectativas acadêmicas. Para muitos, isso pode gerar ansiedade e incertezas.
 
No entanto, é fundamental que esse momento seja facilitado e apoiado de maneira eficaz. E nesse ponto, as escolas desempenham um papel fundamental ao criar um ambiente acolhedor e familiar para os alunos, fornecendo oportunidades de integração e desenvolvimento social. Os educadores podem implementar estratégias pedagógicas que ajudem os alunos a se adaptarem ao novo currículo e metodologia de ensino, garantindo uma transição suave e contínua.

 
Vivyanne Sztanderski Curalov, pedagoga e especialista pedagógica na Geekie, explica que o impacto emocional e acadêmico dessas transições necessita de atenção e enfatiza a importância do suporte adequado para uma experiência educacional contínua e efetiva, inclusive para a formação dos estudantes como parte da comunidade escolar. "Os primeiros anos do Ensino Fundamental, por exemplo, marcam uma fase de desenvolvimento cognitivo acelerado e a conscientização das crianças como indivíduos e seres sociais", afirma.
 
Ela destaca a necessidade de uma transição suave entre os segmentos para minimizar o impacto emocional, como medo e ansiedade, que pode ocorrer quando há um grande distanciamento nas práticas educacionais entre a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, Vivyanne salienta a importância da aprendizagem socioemocional, citando a Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning: "A aprendizagem socioemocional melhora resultados acadêmicos, ajuda estudantes a desenvolver autorregulação, melhora as relações da escola com a comunidade, reduz os conflitos entre estudantes e melhora a disciplina da sala de aula, ajudando os jovens a serem mais saudáveis e bem-sucedidos na escola e na vida”, pontua a especialista.
 
 
O papel da família
 
Os pais e familiares desempenham um papel crucial nesse contexto. É importante reconhecer que as crianças estão em constante crescimento e desenvolvimento, o que significa que as estratégias de adaptação que funcionaram anteriormente podem não ser eficazes no novo ano letivo. “É necessário olharmos para as crianças, em casa e na escola, a partir das novas  demandas que trazem, pois novos medos e inseguranças podem surgir e será preciso um apoio emocional quanto aos novos desafios de mudanças”, pontua.
 
Ao abordar a questão das expectativas dos pais em relação às mudanças na rotina escolar, Curalov observa que as mães, em particular, enfrentam desafios significativos, equilibrando as responsabilidades profissionais e familiares enquanto apoiam a educação dos filhos. Para apoiá-las nesse momento, ela recomenda que as escolas promovam uma parceria ativa com os pais, envolvendo-os no processo educacional. “Há várias estratégias para facilitar essas transições, incluindo a integração dos ciclos educacionais ao longo do ano - utilizando projetos multietários e transdisciplinares -, além de atividades que diminuam a ansiedade dos alunos sobre os novos desafios. É essencial que as escolas apliquem uma proposta pedagógica que assegure um percurso contínuo de aprendizagem", enfatiza Curalov.
 
E pais e mães devem estar presentes e participativos, acompanhando de perto essa nova etapa na vida de seus filhos. “É importante também não compararmos os processos dos nossos filhos com outros estudantes, como ‘está vendo? esse aluno não chora para ir para a escola’. Porque cada estudante é singular e tem seus próprios desafios. As crianças aprendem vivendo e não é necessário que as famílias antecipem todo o processo aos filhos, mas, sim, que deixem que eles vivam e contem sobre suas experiências” esclarece Vivyanne, que oferece mais uma dica de ouro: “Famílias, antes desse período de mudanças, ajustem a rotina gradualmente, conforme os horários da nova rotina. Isso facilitará todo o processo”, destaca.
 
 
Particularidades dos segmentos
 
Cada etapa da educação traz consigo desafios únicos para todos os envolvidos. “Na Educação Infantil, o principal desafio é a adaptação da criança ao ambiente escolar, representando sua primeira experiência fora do núcleo familiar. Esse período envolve a descoberta de novos ambientes, colegas e atividades, o que pode gerar inseguranças tanto para a criança quanto para seus familiares. É essencial que a família confie na escola e mantenha um canal constante de comunicação com os professores e a coordenação para esclarecer dúvidas e garantir o bem-estar da criança”, explica a especialista.
 
Já nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a transição para um ambiente com disciplinas é um marco significativo. A ansiedade gira em torno do processo de alfabetização, que pode variar de acordo com as metodologias adotadas pela escola. “É importante que as famílias estejam presentes na escola e compreendam que cada criança tem seu próprio ritmo de aprendizado, evitando comparações entre os alunos”, pontua Vivyanne.
 
A diversidade de docentes para cada disciplina pode representar um desafio para os estudantes nos anos finais, que precisam lidar com diferentes estilos de ensino. Além disso, essa etapa marca a transição da infância para a adolescência, trazendo consigo mudanças biológicas e emocionais. “Para lidar com essas transformações, é importante que as escolas ofereçam suporte emocional e definam um tutor para orientar os estudantes”, explica a professora, que afirma que na etapa final, o Ensino Médio, o foco das famílias e escolas está no Projeto de Vida e nos exames vestibulares. “O período é marcado pela ansiedade em relação ao futuro profissional dos estudantes, além das mudanças trazidas pela puberdade. Para enfrentar esses desafios, é fundamental que as famílias se envolvam ativamente na vida escolar dos adolescentes e ofereçam apoio emocional durante essa fase de transição", ressalta.
 
Essa mudança de segmento é uma parte natural do crescimento e desenvolvimento das crianças e, com o apoio adequado tanto da escola quanto da família, essa transição pode ser uma oportunidade de crescimento e aprendizado, preparando os alunos para os desafios e conquistas que os aguardam em sua jornada educacional. “É importante uma abordagem integrada na educação, garantindo que as transições entre os segmentos escolares sejam oportunidades de crescimento e desenvolvimento para alunos e suas famílias”, finaliza a especialista Geekie One.
 
 
Fonte:
Pedagoga pela PUC SP, Vivyanne Sztanderski Curalov é especialista pedagógica na Geekie, pós-graduada em Gestão de Inovação Social pelo Instituto Amani e pós-graduada em Alternativas para uma Nova Educação pela UFPR Litoral.
 
 
Sobre a Geekie:
Fundada em 2011, a Geekie é uma empresa de educação referência em inovação e pioneirismo no uso da tecnologia com intencionalidade pedagógica que trabalha incansavelmente com seu time de educadores engajados em contribuir com a transformação que a educação do Brasil tanto precisa. Com foco no Ensino Básico, a companhia já alcançou mais de cinco mil escolas públicas e privadas de todo o país, impactando cerca de 12 milhões de estudantes. Para mais informações, acesse o site www.geekie.com.br 


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