Artigo: volta às aulas e a importância do socioemocional na rotina escolar

Além de ajudar na adaptação à escola, os pais devem se preocupar em acompanhar o socioemocional dos filhos

Reprodução/IAE

Por Claudiana Tavares Freitas*
 

O início do ano letivo marca a retomada da rotina das crianças e dos adolescentes. Após um período de férias, os pequenos voltam a ter horários regrados, deveres de casa e a vida social na escola.

Além de ajudar na adaptação à escola, os pais devem se preocupar em acompanhar o socioemocional dos seus filhos. Os estudantes geram expectativas, professores se preparam e toda uma rede se mobiliza para esse grande momento. Iniciar o ano letivo significa para muitos o início de uma grande jornada: duzentos dias de convivência com os pares, aprendizado, desafios, conquistas e superações em um ambiente capaz de transformar vidas.

Após um período de normalidade pós-pandemia, a volta às aulas em 2024 tende a apresentar um cenário mais estável e adaptado para as escolas e a comunidade escolar. O ano letivo - que, para alguns, se inicia no final de janeiro, e para outros têm início em fevereiro - tem o potencial de ser um momento de reinvenção e aprendizado contínuo, aproveitando as lições aprendidas durante os desafios enfrentados nos anos anteriores.

Um dos grandes desafios encontrados foi o emocional das crianças e adolescentes no período pós-pandemia. Enfrentar a sala de aula e todo o ambiente escolar não foi fácil para os estudantes. Diante desse cenário, há uma urgência em realizar o trabalho que já está previsto na BNCC que são as competências socioemocionais. Elas estão intimamente ligadas ao entendimento e gerenciamento de todo e qualquer sentimento, emoção e/ou comportamento - ou seja, são habilidades que acabam ultrapassando apenas o campo cognitivo e envolvem de forma muito mais profunda o lado emocional e psicológico dos seres humanos.

Ao observar as crianças - seja em casa pelos pais, ou na escola pelo professor - é importante considerar tais competências. Elas são necessárias para essa fase do desenvolvimento e precisam ser levadas em consideração, assim como as habilidades de abertura ao novo, resiliência, empatia, autogestão, entre outras.

Cada estudante apresenta uma necessidade, e o professor em sala de aula deverá planejar suas aulas pensando nesse atendimento do seu grupo: observar, avaliar e repensar o planejamento incluindo as competências socioemocionais é de fundamental importância nesse período inicial, e deve ser extensivo para todo o ano letivo.

São inúmeros os recursos e as formas criativas capazes de desenvolver as habilidades socioemocionais. Através de atividades lúdicas, rodas de conversas, debates e experimentação, as crianças podem ser estimuladas a refletir sobre elas mesmas, sobre as relações com os outros que estão em sua volta, a pensar em estabelecer objetivos, saber tomar decisões e conduzir todas essas novas emoções, sensações e possíveis adversidades.

Segundo a Associação Americana de Psicologia (APA), muitas vezes é o medo do desconhecido – novos colegas de classe, professores ou o pensamento de ter aulas difíceis – que é mais estressante para as crianças no início do ano letivo. Trabalhar as competências socioemocionais na escola desde a volta às aulas trará mais segurança para as crianças e adolescentes, permitindo que a formação seja plena, cognitivo e emocional andando lado a lado.

*Claudiana Tavares Freitas é é graduada em pedagogia com especialização em psicopedagogia e ABA - Análise do Comportamento Aplicada para avaliação e intervenção em autismo e deficiência intelectual. Atualmente é professora do Instituto Âncora Educação nas áreas de formação de professores e educação especial inclusiva.