Esse é o principal argumento de quem é a favor de introduzir o setor no sistema inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Também em quase nenhum lugar o agro é tão representativo na economia quanto no Brasil, onde é responsável por um quarto do PIB (Produto Interno Bruto). Na China, por exemplo, dona do maior mercado de carbono do mundo, a agricultura é 8% do PIB.
Por esses motivos, o relator do projeto de lei aprovado na Câmara no final do ano passado, o deputado Aliel Machado (PV-PR), tentou de várias formas incluir o setor no sistema, sem sucesso. O agro já havia ficado fora do projeto aprovado no Senado meses antes. A discussão agora volta para os senadores.
Para especialistas, há motivos técnicos para essa exclusão.
O Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, como o mercado será chamado no Brasil, prevê limites de emissões para cada empresa. Aquelas que conseguirem emitir menos que o estabelecido ganharão cotas comerciáveis, já aquelas que não conseguirem cumprir, precisarão comprar cotas.
Assim, se o agro entrasse no mercado, produtores rurais também precisariam cumprir limites de emissões.
Hoje, a principal origem direta (sem considerar o desmatamento) de emissões do setor é o arroto dos animais, que libera metano na atmosfera gás 86 vezes mais prejudicial do que o CO2 em 20 anos. Essa emissão ocorre durante o processo de digestão dos alimentos pelos animais.
Para incluir os produtores no sistema de metas seria necessário calcular a quantidade de emissões de cada propriedade. Mas não há hoje formas acessíveis e precisas de como fazer isso.
O IPCC, painel científico da ONU, disponibiliza uma forma de calcular as emissões vindas de gados. A conta, considera, por exemplo, uma média de quantos quilos de metano cada animal emite, a partir de seu peso e idade.
Para pesquisadores, porém, a forma não consegue atender toda a diversidade do rebanho brasileiro.