18/01/2024 às 07h40min - Atualizada em 18/01/2024 às 07h45min

Entenda como o agro afeta o clima e por que ele fica fora do mercado de carbono no mundo todo

O saldo exato das emissões de gases de efeito estufa do setor tem feito o agro ficar de fora de todo mercado de carbono do mund

AB NOTICIA NEWS
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A exclusão do agronegócio do mercado regulado de carbono no Brasil não se justifica apenas pelo tamanho da bancada ruralista no Congresso. Hoje, de fato, segundo especialistas, é muito difícil medir o saldo exato das emissões de gases de efeito estufa do setor; não à toa, a agropecuária está fora de todos os mercados de carbono existentes no mundo.

Em quase nenhum lugar, porém, o setor é tão representativo no saldo das emissões nacionais quanto no Brasil. Se consideradas as emissões do desmatamento promovido por parte dos fazendeiros , o agronegócio é responsável por 74% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) do país, sendo que 80% disso vem da produção de carne bovina, segundo o Observatório do Clima.

 

Esse é o principal argumento de quem é a favor de introduzir o setor no sistema –inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Também em quase nenhum lugar o agro é tão representativo na economia quanto no Brasil, onde é responsável por um quarto do PIB (Produto Interno Bruto). Na China, por exemplo, dona do maior mercado de carbono do mundo, a agricultura é 8% do PIB.

Por esses motivos, o relator do projeto de lei aprovado na Câmara no final do ano passado, o deputado Aliel Machado (PV-PR), tentou de várias formas incluir o setor no sistema, sem sucesso. O agro já havia ficado fora do projeto aprovado no Senado meses antes. A discussão agora volta para os senadores.

 

Para especialistas, há motivos técnicos para essa exclusão.

O Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, como o mercado será chamado no Brasil, prevê limites de emissões para cada empresa. Aquelas que conseguirem emitir menos que o estabelecido ganharão cotas comerciáveis, já aquelas que não conseguirem cumprir, precisarão comprar cotas.

Assim, se o agro entrasse no mercado, produtores rurais também precisariam cumprir limites de emissões.

Hoje, a principal origem direta (sem considerar o desmatamento) de emissões do setor é o arroto dos animais, que libera metano na atmosfera –gás 86 vezes mais prejudicial do que o CO2 em 20 anos. Essa emissão ocorre durante o processo de digestão dos alimentos pelos animais.

Para incluir os produtores no sistema de metas seria necessário calcular a quantidade de emissões de cada propriedade. Mas não há hoje formas acessíveis e precisas de como fazer isso.

O IPCC, painel científico da ONU, disponibiliza uma forma de calcular as emissões vindas de gados. A conta, considera, por exemplo, uma média de quantos quilos de metano cada animal emite, a partir de seu peso e idade.
Para pesquisadores, porém, a forma não consegue atender toda a diversidade do rebanho brasileiro.


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