17/01/2024 às 07h50min - Atualizada em 17/01/2024 às 07h50min

Por que alguns afirmam que 2+2=5 (e qual a lógica por trás disso)

Dois mais dois é igual a quatro? Bem, a resposta de que são cinco tem uma história longa, encantadora e às vezes controversa.

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Há verdades incontestáveis, como 1+1=2. A menos que a 1 monte de roupas sujas você adicione 1 monte de roupas sujas e fique com 1 montão de roupa para lavar.

Ou que esteja misturando tintas, e 1 cor + 1 cor = 1 nova cor, como um estudante de artes disse à matemática Eugenia Cheng, que incluiu vários desses exemplos em seu livro Is Math Real?: How Simple Questions Lead Us to Mathematics’ Deepest Truths ("A matemática é real?: Como perguntas simples nos levam às verdades mais profundas da matemática", em tradução livre).

Claro que isso não significa que 1+1≠ 2. Significa apenas que até o que é mais conhecido nos convida a pensar, que tudo merece um certo grau de questionamento e que muito depende do contexto.

Mas uma soma semelhante às anteriores tem uma longa, prestigiada e até polêmica história: 2+2.

Se você acha que a resposta é sempre 4, adianto que há quem argumente que isso não é necessariamente certo.

️ Vamos começar com René Descartes, no século 17, embora possamos seguir essa história até passados ainda mais remotos.

O filósofo francês que questionou tudo em busca da verdade perguntou-se por que não se duvidava que dois mais dois são quatro, se até mesmo a nossa existência era colocada em dúvida.

Duvidar que 2+2=4, observou, não era logicamente incoerente, pois, afinal de contas, os números eram ideias abstratas que não podíamos encontrar na natureza.

Mas afirmar "duvido que eu exista" era, sim, logicamente incoerente.

A mera capacidade de duvidar, observou ele, reafirma a nossa existência, daí a abordagem fundamental do racionalismo ocidental: cogito ergo sum ou "penso, logo existo".

Ele não estava, no entanto, colocando em questão se a duas coisas se somar mais duas, dará quatro; valeu-se precisamente dessa soma, pois era uma verdade óbvia.

️ E questioná-la era tão absurdo que o inglês Ephraim Chambers usou a expressão 2+2=5 como exemplo ao explicar o significado do conceito naquela que foi uma das primeiras enciclopédias da história.

Na Cyclopaedia, ou Um Dicionário Universal de Artes e Ciências (1728), cujo subtítulo indica que "contém uma explicação dos termos e uma conta dos significados das coisas nas várias artes, tanto liberais e mecânicas, e várias ciências, o humano e divinas", observa:

Assim, seria absurda uma proposição que afirmasse que dois e dois são cinco, ou que negasse que são quatro.


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