Uma fábrica montada no meio da floresta. Os operadores são os ribeiros que moram às margens do rio Tapajós, em uma das maiores reservas extrativas do Pará.
O cupuaçu, cultivado nos quintais, é o ingrediente para produzir um dos produtos mais apreciados no Brasil: o chocolate. Tudo é feito pelas mãos de quilombolas e indígenas.
"Se você consegue tirar da floresta benefícios, você [conseguir] ver a floresta como aliada para você tirar dali o seu sustento, por que você vai destruí-la? Vale muito mais a floresta em pé do que destruída", disse a indígena Mariane Chaves.
Na floresta, a pesca e a extração de polpas de frutas são as principais atividades que geram renda para os moradores. Mas, agora, a produção de chocolate é mais uma opção para fortalecer a economia das populações ribeirinhas. A ideia é de uma produção em grande escala.
Os moradores receberam treinamento no laboratório criativo da Amazônia, um projeto do Instituto Amazônia.
Aproveitando as sementes do cupuaçu, eles aprenderam a manusear os equipamentos necessários. A estrutura moderna foi pensada para funcionar de forma sustentável, com uso de energia limpa e tendas móveis.
A expectativa é tornar a região um polo de produção do chocolate de cupuaçu.
"Eu pretendo trabalhar na comunidade, passar o conhecimento para outros comunitários e adquirir renda financeira para a nossa família", afirmou a ribeirinha Erliane Cruz.
"Nós entendemos que se você conseguir transformar matéria-prima em produto de valor agregado, de grande qualidade, uma distinção de origem amazônica, que leve a cultura das comunidades, dos povos amazônicos no produto, a gente consegue mudar essa lógica econômica ligada à floresta", disse o idealizador do projeto, Ismael Nobre.