03/01/2024 às 08h11min - Atualizada em 03/01/2024 às 08h15min

Como grupo de jovens engenheiros tornou Taiwan uma potência em microchips

Taiwan passou de um país pobre e produtor de cana-de-açúcar a um país rico graças à visão de um grupo de jovens engenheiros que trouxeram para a ilha o que aprenderam nos Estados Unidos.

AB NOTICIA NEWS
G1
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Quando Shih Chin-tay embarcou, aos 23 anos, em um avião para os Estados Unidos no verão de 1969, ele voou para um mundo diferente daquele que conhecia.

Criado em uma vila de pescadores cercada por canaviais, ele tinha feito faculdade em Taipei, capital de Taiwan, até então uma cidade de ruas empoeiradas e prédios de apartamentos cinzas onde as pessoas raramente possuíam carros.

Shih dirigia-se à Universidade de Princeton. Os EUA tinham acabado de enviar um homem à Lua e de lançar o Boeing 747. A economia americana era maior do que as da União Soviética, Japão, Alemanha e França juntas.

"Quando pousei, fiquei chocado", disse Shih, hoje com 77 anos. "Eu disse a mim mesmo: 'Taiwan é tão pobre que preciso fazer algo para tentar ajudar a melhorar a situação'."

E conseguiu. Shih e um grupo de jovens e ambiciosos engenheiros transformaram a ilha que exportava açúcar e camisetas em uma potência eletrônica.

Taipei hoje é rica e moderna. Os trens de alta velocidade percorrem a costa oeste da ilha a 350 km/h. Taipei 101, um dos edifícios mais altos do mundo, ergue-se sobre a cidade, um emblema da prosperidade local.

Muito disso se deve a um aparelho tão pequeno quanto uma unha. O semicondutor de silício fino, hoje conhecido como chip, está no centro de todas as tecnologias que usamos, de iPhones a aviões.

Taiwan fabrica atualmente mais da metade dos chips que alimentam nossas vidas, e a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior fabricante, é a nona empresa mais valiosa do mundo.

Taiwan virou quase insubstituível, mas também vulnerável. A China, temendo ficar sem os chips mais avançados, está gastando bilhões para roubar o posto de Taiwan. E poderia até tomar a ilha, como tem ameaçado fazer.

Mas o caminho de Taiwan para o estrelato não será fácil de reproduzir: a ilha possui uma receita secreta, aperfeiçoada durante décadas de trabalho minucioso de seus engenheiros. Além disso, a manufatura depende de uma teia de laços econômicos que a crescente rivalidade entre os Estados Unidos e a China ameaça desfazer.

Em busca de uma indústria nacional

Quando Shih chegou a Princeton, "a América estava apenas começando a revolução dos semicondutores", diz ele.

Fazia apenas uma década que Robert Noyce tinha criado o "circuito integrado monolítico", reunindo componentes eletrônicos em uma única placa de silício, uma das primeiras versões do microchip que iniciou a revolução dos computadores pessoais.

Nos dois anos após a formatura, Shih projetou chips de memória na Burroughs Corporation, segunda na fabricação de computadores, atrás apenas da IBM.

Na época, Taiwan buscava uma nova indústria nacional após a crise do petróleo atingir suas exportações. O silício parecia uma possibilidade, e Shih achou que poderia ajudar: "Pensei que era hora de ir para casa".

No final da década de 1970, ele se juntou aos melhores e mais brilhantes engenheiros eletrônicos de Taiwan em um novo laboratório de pesquisa: o Instituto de Pesquisa de Tecnologia Industrial, que viria a desempenhar um papel enorme na reformulação da economia da ilha.


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