30/12/2023 às 09h41min - Atualizada em 30/12/2023 às 09h45min

Maranhenses que defendem homeschooling destacam educação personalizada; especialistas consideram modelo um retrocesso

O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 19 de abril de 2022 e está em tramitação no Senado. Nessa segunda-feira (27), a proposta foi tema de debate na Comissão de Educação.

AB NOTICIA NEWS
G1
Reprodução

Nessa segunda-feira (27), a proposta de ensino domiciliar no Brasil, o chamado homeschooling, foi tema de debate na Comissão de Educação do Senado. Essa é a primeira de seis audiências públicas interativas, que visam discutir a possibilidade de oferta domiciliar da educação básica no Brasil. Segundo o Senado, a reunião tem o objetivo de instruir o projeto de lei (PL 1.338/2022), que autoriza a medida.

O projeto, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 19 de abril de 2022 e está em tramitação no Senado, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 1996) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069 de 1990). Nesta primeira audiência, foi debatido o homeschooling e a relação com o direito à educação.

O tema é polêmico e divide opiniões de pais, responsáveis, educadores e especialistas. No Maranhão, há famílias que adotam esse modelo de ensino, mesmo sem ele ter validade legal no país, e há, também, famílias gostariam de adotar o homeschooling e defendem sua aprovação.

g1 conversou com duas mães maranhenses, que defendem esse modelo de ensino. Marta* conta que tem um filho em idade escolar, que é educado em regime de educação domiciliar. Sobre o processo de ensino, ela destaca que é muito simples e que segue as disciplinas que seriam dadas na escola, acrescentando disciplinas que a família considera serem importantes para a formação da criança.

“Tem uma rotina diária de estudos preestabelecida, com matérias que a criança teria regularmente caso fosse a uma escola, acrescidas de disciplinas que a família julga importantes, para além do que já é exigido pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Seguimos um currículo definido e que engloba conteúdos de acordo com a faixa etária, e também aquilo que é exigido pelo MEC de acordo com a idade do estudante. Sendo assim, ele não somente está de acordo com o que é regulamentando pelo Ministério da Educação, mas vai além dos conteúdos exigidos”, explica Marta.

Segundo Marta, ela e o marido são os responsáveis por ensinar o filho e, o que eles não conseguem ensinar, como música, esportes, contratam professores para dar as aulas ou colocam a criança em uma escolinha direcionada a isso. Ela conta, ainda, que, apesar de a família ter que dedicar tempo ao ensino do filho, a rotina sofreu pouca mudança, pois ela já se dedicava integralmente ao lar.

“Normalmente, pela manhã, inicia-se com um exercício devocional a Deus, e então há a exposição dos conteúdos, seguida de exercícios de fixação, apresentações, leituras de livros, recitação de poesia ou experimentos. À tarde, a criança se dedica a atividades extracurriculares, como música e esportes, tendo também tempo para ler, escrever os seus livros e brincar sozinha ou com os seus amigos”, explica.

Para Marta, o homeschooling é uma das diversas opções legítimas a que os pais podem recorrer para educar os seus filhos, pois a família tem, e deve ter, primazia na escolha de como deverá ocorrer a educação de seus filhos, seja na escola pública, privada, em cooperativas de educação ou mesmo educando-os em casa.

“A educação domiciliar permite maior contato dos pais com os filhos, que também podem identificar com maior facilidade habilidades que as crianças têm, podendo elevá-las a altos níveis, bem como concentrar-se naquilo em que têm dificuldades, visto que a tratativa é muito mais focada com cada filho e o tempo que se pode passar com determinados assuntos é mais elástico quando dentro de casa, se comparado à escola. A educação é mais personalizada, customizada, não forçando o encaixe do estudante em um padrão geral que tem que servir a todo custo para outras dezenas de alunos, como na escola. Para além desses motivos há ainda a socialização das crianças não apenas com seus pares da mesma idade, mas com crianças, adolescentes, adultos e idosos, com vivências diferentes das suas, em ambientes da vida real”, afirma.

A mãe ressalta, ainda, que a educação domiciliar tem diversos pontos positivos, os quais ela elenca como: “escolha de bom currículo e bons materiais para trabalhar com as crianças; tempo mais maleável para ministração do conteúdo, possibilidade de atividades de contraturno tais como esporte, música, línguas estrangeiras, artesanato, ou qualquer coisa que seja de interesse da criança e dos pais; formação de comunidades com os mesmos interesses para que haja interação e trocas de experiências entre crianças e pais; maior foco naquilo que as crianças são melhores, e maior possibilidade de trabalhar no ritmo certo com as suas dificuldades; além de tempo para atender o desenvolvimento individual da criança, que não é cerceada pelo tempo imposto pelo professor, pelo coordenador ou pelos outros alunos da sala”.


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