"A gente tem percebido visivelmente o impacto que a pandemia teve nessas crianças", diz Ritter. "Aquelas atividades que levávamos às famílias durante o tempo de escolas fechadas encontraram barreiras porque os pais não têm conhecimento, não são professores."
Um estudo inédito mostra que as desigualdades de oportunidades educacionais aumentaram nos anos de 2021 e 2022, sobretudo quando se leva em conta a alfabetização de crianças de 7 e 8 anos. O cenário é revelado na pesquisa do IMDS (Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social), a partir do cálculo do chamado Índice de Oportunidades Educacionais.
O instrumento considera a distribuição de determinadas oportunidades (como a conclusão de uma etapa de ensino na idade adequada, a frequência escolar e o acesso a água) por determinadas circunstâncias (como a escolaridade dos pais e o nível socioeconômico). Busca mensurar, assim, impactos que vão além dos esforços individuais. Ao levar em conta a alfabetização de crianças de 7 e 8 anos, o índice de oportunidades caiu de 84% em 2020 para 67% em 2022.
Esse índice atinge seu valor máximo quando a penalidade é zero, o que significa que a cobertura -neste caso, as crianças alfabetizadas- é universal e não há desigualdades nas oportunidades educacionais oferecidas. "Essa métrica proporciona uma avaliação abrangente e sensível das oportunidades educacionais, levando em consideração tanto a extensão da cobertura quanto a equidade entre diferentes grupos", diz o estudo.