12/12/2023 às 09h02min - Atualizada em 12/12/2023 às 09h02min

Presidente da Guiana não descarta base americana no país para defender Essequibo: 'Faremos o que for necessário'

Em entrevista exclusiva à BBC, presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, diz que presidente Lula o procurou para realização de encontro com Maduro.

AB NOTICIA NEWS
G1
JORGE PEREZ/BBC MUNDO

O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, disse em entrevista exclusiva à BBC News Brasil e à BBC News Mundo que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tenta "incutir medo no povo" guianense e não descartou a instalação de uma base norte-americana no país em meio às tensões em torno da região conhecida como Essequibo, rica em minérios e petróleo.

"Maduro tenta incutir medo no povo da Guiana", disse o presidente. "Faremos tudo o que for necessário para garantir a soberania e a integridade territorial da Guiana", Irfaan Ali ao ser questionado se seu governo permitiria a instalação de uma base norte-americana no país.

A possibilidade de que o conflito pudesse levar à instalação de uma base estrangeira na região amazônica é um dos temores de integrantes do governo brasileiro, entre eles o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.

A entrevista do presidente da Guiana foi concedida na manhã de segunda-feira (11/12). Na quinta-feira (14), Irfaan Ali e o presidente venezuelano deverão ter um encontro presencial em Trinidad e Tobago no qual deverão discutir a questão de Essequibo.

Nas últimas semanas, a região ganhou destaque internacional após o governo venezuelano realizar um referendo sobre a criação de um novo Estado na área de Essequibo e depois que Maduro anunciou a indicação de um governador para o futuro estado.

Em meio à escalada sobre o assunto, o Ministério da Defesa do Brasil reforçou a segurança em Roraima, Estado que faz divisa com a Venezuela e com a Guiana.

Na semana passada, o governo norte-americano comunicou a realização de exercícios militares em parceria com a Guiana no espaço aéreo do país. Na mesma semana, o Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou que daria suporte "inabalável" à soberania da Guiana.

Essequibo é uma região disputada pelos dois países há mais de um século. A área tem aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados e é na sua costa que a petroleira ExxonMobil descobriu, em 2015, reservas equivalentes a 11 bilhões de barris de petróleo. Nos últimos anos, a economia do país de aproximadamente 800 mil habitantes foi uma das que mais cresceu no mundo. Seu produto interno bruto (PIB) deverá crescer 25% este ano, depois de ter expandido 57,8% em 2022.

Desde as descobertas de petróleo, o governo venezuelano vem aumentando o tom em torno da região.

No dia 1º de dezembro, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), provocada pelo governo guianense, emitiu uma sentença determinando que a Venezuela não poderia tomar medidas para incorporar Essequibo ao seu território. O governo de Nicolás Maduro, no entanto, anunciou não reconhecer a legitimidade da Corte para resolver a disputa.

Nas ruas de Georgetown, a elevação da temperatura do assunto é visível no trânsito da capital. Em diversos pontos da cidade, é possível ver cartazes e outdoors com os dizeres: Essequibo belongs to Guyana (Essequibo pertence à Guiana, na tradução direta do inglês).

Na entrevista à BBC News Brasil à BBC Mundo, o presidente do país diz ainda que é importante conversar com "os vizinhos", mas que um possível acordo sobre recursos petrolíferos de Essequibo está fora de questão.

"Isso não acontecerá", disse.

 


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