09/12/2023 às 08h32min - Atualizada em 09/12/2023 às 08h35min

Governo Bolsonaro tentou esconder gravidade da crise na Terra Yanomami, diz MPF

Procuradores se depararam com a Sesai "muito resistente" ao não divulgar a urgência da situação. Os yanomami enfrentam uma crise sanitária e humanitária devido ao avanço da atividade ilegal na região.

AB NOTICIA NEWS
g1
Reprodução

O governo Federal, durante a gestão de Jair Bolsonaro, tentou esconder a gravidade da crise de saúde entre os indígenas na Terra Indígena Yanomami, disse o Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR) em coletiva realizada nessa terça-feira (24).

No ano passado o órgão se deparou com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) sendo "muito resistente" ao não divulgar a urgência da situação, segundo os procuradores Alisson Marugal e Matheus de Andrade Bueno.

Marugal detalhou que em 2020 o governo Federal já demonstrava indícios de que não tinha interesse em tornar público a situação dos indígenas. Desde 2017, com o avanço do garimpo ilegal na região, o MPF acompanha a situação do território.

Em 2021, o órgão já entendia que seria necessário "discutir fora dos quadros" do Ministério da Saúde e junto com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a sociedade civil, lideranças indígenas, uma "grande solução pra situação de emergência pública" na saúde de Yanomami.

Ele destacou que a Sesai impedia que a imprensa entrasse no território e definiu como "crime" o que os indígenas estão passando desde então. Os yanomami enfrentam uma crise sanitária e humanitária devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Só na última semana, mais de mil indígenas em estado grave foram resgatados.

 

"Encontramos muita resistência na Secretaria de Saúde Indígena para medidas que pudesse dar visibilidade a gravidade do crime [...] a Secretaria de Saúde Indígena que naquele momento impedia que os Yanomami levasse a imprensa ao seu território para denunciar a situação de calamidade pública [...] Havia uma uma tentativa de ocultar o problema que o Ministério da Saúde sabia que era bastante grave", disse durante a coletiva.

 

Na última segunda-feira (23), o órgão atribuiu a crise na sanitária e humanitária na terra indígena à "omissão do estado brasileiro". Na avaliação, o MPF cita cobranças feitas ao governo federal entre os anos de 2019 a 2022, durante a gestão de Jair Bolsonaro.


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