Dos nove livros que publicou sobre o continente africano, pelo menos dois alcançaram rapidamente o pedestal dos clássicos: "A Enxada e a Lança: a África antes dos Portugueses", lançado em 1992, e "A Manilha e o Libambo: a África e a Escravidão, de 1500 a 1700", que saiu dez anos depois.
Por este último, o autor conquistou os prêmios da Fundação Biblioteca Nacional e o Jabuti. Em 2014, também recebeu o Camões, maior condecoração voltada à literatura de língua portuguesa, pelo conjunto da obra.
"Tenho a felicidade de ter recebido muitos prêmios, mas o de que mais me orgulho é o de doutor honoris causa na Universidade de Ifé, na Nigéria. Foi em Ifé que surgiu o homem", disse à Folha em 2004, quando foi escolhido como o Intelectual do Ano pela União Brasileira dos Escritores (UBE) e levou o troféu Juca Pato.
Nascido em São Paulo em 1931, passou a infância em Fortaleza e a adolescência e juventude no Rio de Janeiro, onde publicou seu primeiro livro, "O Parque e Outros Poemas", com apenas 22 anos. Seguia a trilha do pai, Antonio Francisco da Costa e Silva, poeta e funcionário público.
Foi, aliás, um episódio ocorrido com o pai que o levou ao Instituto Rio Branco, como contou à Revista de História da Biblioteca Nacional. "Resolvi ser diplomata para tirar a desforra do Barão do Rio Branco, que selecionava os diplomatas num almoço no Itamaraty. (...) Ao que parece, ele era bom examinador, pois na época o nível da diplomacia brasileira era muito alto. Mas acho que com o meu pai ele foi injusto porque, depois do almoço com meu pai, disse-lhe: ‘Da Costa, você é muito inteligente, fala francês muito bem, conhece inglês, alemão, espanhol, mas você é muito feio.’ Meu pai não era bonito, mas também não era tão feio assim, era um nordestino franzino e era estrábico."
A esta altura, já tinha enorme interesse por tudo o que envolvesse a África, uma curiosidade que surgiu, sobretudo, com a leitura de Gilberto Freyre.