27/11/2023 às 09h50min - Atualizada em 27/11/2023 às 09h55min

Morre Alberto da Costa e Silva, diplomata, poeta e membro da ABL

Segundo nota divulgada pela academia, a morte foi por causas naturais

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Maior especialista brasileiro na história da África, Alberto da Costa e Silva morreu neste domingo (26), aos 92 anos. Acadêmico, diplomata, poeta e historiador, ele ocupou a cadeira de número nove da ABL, a Academia Brasileira de Letras.

Segundo nota divulgada pela academia, a morte foi por causas naturais. Alberto era viúvo e deixa três filhos, sete netos e uma bisneta. A cerimônia de cremação acontecerá na segunda-feira (27) e será restrita a familiares.

 

Dos nove livros que publicou sobre o continente africano, pelo menos dois alcançaram rapidamente o pedestal dos clássicos: "A Enxada e a Lança: a África antes dos Portugueses", lançado em 1992, e "A Manilha e o Libambo: a África e a Escravidão, de 1500 a 1700", que saiu dez anos depois.

Por este último, o autor conquistou os prêmios da Fundação Biblioteca Nacional e o Jabuti. Em 2014, também recebeu o Camões, maior condecoração voltada à literatura de língua portuguesa, pelo conjunto da obra.

"Tenho a felicidade de ter recebido muitos prêmios, mas o de que mais me orgulho é o de doutor honoris causa na Universidade de Ifé, na Nigéria. Foi em Ifé que surgiu o homem", disse à Folha em 2004, quando foi escolhido como o Intelectual do Ano pela União Brasileira dos Escritores (UBE) e levou o troféu Juca Pato.

 

Nascido em São Paulo em 1931, passou a infância em Fortaleza e a adolescência e juventude no Rio de Janeiro, onde publicou seu primeiro livro, "O Parque e Outros Poemas", com apenas 22 anos. Seguia a trilha do pai, Antonio Francisco da Costa e Silva, poeta e funcionário público.

Foi, aliás, um episódio ocorrido com o pai que o levou ao Instituto Rio Branco, como contou à Revista de História da Biblioteca Nacional. "Resolvi ser diplomata para tirar a desforra do Barão do Rio Branco, que selecionava os diplomatas num almoço no Itamaraty. (...) Ao que parece, ele era bom examinador, pois na época o nível da diplomacia brasileira era muito alto. Mas acho que com o meu pai ele foi injusto porque, depois do almoço com meu pai, disse-lhe: ‘Da Costa, você é muito inteligente, fala francês muito bem, conhece inglês, alemão, espanhol, mas você é muito feio.’ Meu pai não era bonito, mas também não era tão feio assim, era um nordestino franzino e era estrábico."

A esta altura, já tinha enorme interesse por tudo o que envolvesse a África, uma curiosidade que surgiu, sobretudo, com a leitura de Gilberto Freyre.


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