17/11/2023 às 17h25min - Atualizada em 18/11/2023 às 00h01min

Fragmentada: Um mergulho na complexidade das múltiplas identidades

Livro de psicanalista, escritora e jornalista relata a vida de uma mulher que convive com pelo menos três identidades além da sua de nascença

Alex Yan da Costa Mendes
Assessoria de imprensa da autora
Arquivo pessoal

O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), anteriormente conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla, é uma condição psicológica complexa e pouco compreendida. 

Os dados oficiais a respeito são escassos, mas segundo uma publicação da International Society for Traumatic Stress Studies, estima-se que ter múltiplas identidades é raro e afeta, aproximadamente, 1,5% da população mundial. No Brasil, o número de casos de TDI ainda não é amplamente conhecido, mas acredita-se ser significativo, afetando a vida de muitas pessoas.  

O TDI é caracterizado pela presença de duas ou mais identidades distintas em uma única pessoa, cada uma com sua própria forma de pensar, sentir e agir. Essas identidades, conhecidas como "alters", podem se manifestar de maneira intermitente ou em momentos de estresse intenso. O transtorno está frequentemente associado a traumas, especialmente na infância, e pode ser uma forma de defesa do indivíduo para lidar com experiências dolorosas.

De acordo com a psicanalista Tamyris Torres, os eventos traumáticos como violência sexual e física, vividos durante a infância pode ser um dos principais motivos que levaria alguém a desenvolver o transtorno. “Quando fica difícil demais lidar com certa realidade, a mente pode fragmentar em outras identidades fazendo com que aquele indivíduo não se recorde do evento traumático, ao viver outra vida. É como se essa pessoa encontrasse um caminho mais rápido para não ter que se lembrar de um trauma muito grave”, explica. 

Não existe cura, mas tratamento:

O diagnóstico para o TDI é realizado pelo psiquiatra que vai receitar psicotrópicos para uso do paciente, mas o tratamento deve ser feito em terapia ou análise.

“Eu atendi um paciente já idoso e o caso levava para o desenvolvimento de ao menos três identidades. Ele morreu após um AVC [Acidente Vascular Cerebral], mas a sua saúde inspirava cuidados paliativos, já que tinha câncer metastático. Eu não tinha certeza quem eu atenderia a cada semana e todo o trabalho de supervisão e pesquisa para esse caso apontavam para o principal trauma vivido pelo paciente durante a infância, pois seu pai o agredia fisicamente, o proibia de ir à escola e ainda sofreu o abandono da mãe”, relata a psicanalista Tamyris Torres

O Transtorno Dissociativo de Identidade - Uma Jornada Complexa:

O livro "Fragmentada", escrito por Tamyris Torres, que também é escritora e jornalista, é uma obra que mergulha na complexidade do TDI através da história de Cleópatra, uma mulher que convive com múltiplas identidades desde a infância. Apesar de a obra não ser sobre a vida deste paciente atendido em sua clínica, há três anos, a autora explica que diante de tantos estudos que fez para o caso clínico, quis mostrar ao mundo sobre o transtorno e como os cuidados familiares também contribuem para a organização psíquica dos pacientes. A protagonista enfrentou abusos durante sua criação, o que deixou marcas profundas em sua personalidade. Fugindo de casa em busca de sua mãe, Soraia, Cleópatra se vê imersa em um mundo próprio, criado para lidar com suas dores e angústias. Cada uma de suas identidades possui uma história e objetivo diferentes, mas é a identidade de Dani Amorim que mais se faz presente em sua vida, sonhando em se tornar uma cantora famosa.

Ao longo da narrativa de "Fragmentada", a autora aborda questões como racismo, preconceito de gênero e a jornada de autodescoberta de Cleópatra, que assume sua orientação sexual lésbica. A protagonista enfrentará diversas dificuldades, mas também encontrará pessoas que a ajudarão a lidar com seus problemas. O livro aborda temas sensíveis, como abuso infantil, transtornos mentais e busca pela felicidade, oferecendo uma reflexão profunda sobre as complexidades da convivência com transtornos mentais.

"Fragmentada" é uma obra que nos convida a adentrar no mundo complexo do Transtorno Dissociativo de Identidade, trazendo à tona a importância de compreender e buscar auxílio para questões relacionadas à saúde mental. A história de Cleópatra nos mostra como é desafiador conviver com transtornos mentais, mas também ressalta a necessidade de enfrentar os traumas do passado para seguir em frente e buscar a realização de nossos sonhos. Por meio de uma narrativa envolvente e sensível, a escrita da autora lembra da importância de valorizar a saúde mental e apoiar aqueles que enfrentam essas batalhas diárias.


 

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