10/11/2023 às 09h53min - Atualizada em 12/11/2023 às 00h00min

Compartilhamento de nudes falsos de adolescentes reacende debate sobre riscos do mau uso da Inteligência Artificial

Especialista em direito digital e proteção de dados, Rafael Maciel, pondera que é preciso repensar a maneira como usamos as redes sociais para evitar manipulação de imagens para fins criminosos

Kasane Comunicação Corporativa
Imagem de Freepik
Ao menos 20 estudantes foram vítimas da criação de nudes falsos por alunos do colégio Santo Agostinho da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), segundo informações do Jornal O Globo. Conforme a publicação, as meninas, com idades entre 14 e 16 anos, que tiveram suas fotos adulteradas por meio de ferramentas de Inteligência Artificial (IA), já procuraram a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. O caso está sob investigação e reacende o debate sobre os riscos do uso da IA para fins criminosos, como a criação dos chamados deepfake técnica de síntese de imagens ou sons humanos, que permite trocar o rosto de pessoas em vídeos e fotos, sincronizar movimentos labiais, expressões e demais detalhes – de imagens íntimas.

O advogado especialista em direito digital e proteção de dados Rafael Maciel explica que essa conduta é caracterizada como um tipo penal específico, de acordo com o artigo 241-C do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com pena mais grave quando comparada ao artigo 216-B do Código Penal, que tipifica o crime contra adultos. “A legislação é especialmente relevante em casos como o dessa escola e o da atriz Isis Valverde, que teve fotos manipuladas e disseminadas nas redes sociais. A edição, no caso da atriz, não inseriu seu rosto em material pornográfico existente, mas simulou a remoção das roupas da artista, criando conteúdo falso”, comenta. Isso acontece, segundo ele, porque a web está repleta de ferramentas que não possuem responsabilidade e permitem a criação e a disseminação de material ilícito sem qualquer filtro.


Diante do risco, alguns usuários podem pensar que a solução seja sair das redes sociais. Contudo, Rafael avalia que, embora a medida possa ser, de fato, a mais segura, ela é insuficiente e, em muitos casos, não é viável. “O que precisamos pensar agora é sobre como vamos usar essas mídias como vamos nos expor. Especialmente, crianças e mulheres, que acabam por ser as maiores vítimas desse tipo de violência”, pontua. O advogado então sugere evitar postar fotos com o rosto muito à mostra. “Ou seja, aquela famosa viradinha da cabeça tem efeito prático. Isto é, virar de lado o rosto, de uma forma que não seja possível ver todos os traços, pois isso dificulta a criação de deepfake”, orienta.

Rafael Maciel explica que há também tecnologias emergentes que inviabilizam o arquivo original das imagens passíveis de adulteração, tornando-as inutilizáveis para algoritmos de IA. Esses sistemas servem tanto para proteção intelectual quanto para evitar que as imagens sejam manipuladas. “Várias dessas soluções foram desenvolvidas no ambiente acadêmico, como o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e a Universidade de Chicago. No entanto, elas ainda têm limitações, principalmente em relação à velocidade de processamento, o que dificulta sua aplicação em larga escala”, observa. Além disso, Rafael Maciel analisa que as autoridades responsáveis devem ser cobradas para garantirem a punição dos criminosos, inclusive das plataformas que permitem tais edições. “É preciso haver punição”, arremata.

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