08/11/2023 às 08h46min - Atualizada em 08/11/2023 às 08h46min

Desembargador determina que ex-assessor de Bolsonaro seja investigado por racismo

Filipe Martins fez gesto de supremacistas brancos em sessão do Senado e foi absolvido sumariamente. Desembargador reforma sentença e determina que caso seja investigado, sob pena de o Judiciário ser leniente com o racismo.

AB NOTICIA NEWS
G1
Foto: Reprodução/TV Senado

O juiz 11ª Vara Criminal do Distrito Federal encerrou o processo por entender que o fato narrado na denúncia do Ministério Público não constituía crime. Em sua decisão, Ney Bello afirma exatamente o contrário: "O que temos são indícios. Fortes indícios, diria eu. Por serem fortes indícios, não é cabível a manutenção da absolvição sumária do apelado", afirmou. Agora, o processo prosseguirá na primeira instância.

 

O gesto foi feito numa sessão remota do Senado, no dia 24 de março de 2021. Filipe acompanhava o então Ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a fim de discutir temas relativos à pandemia de Covid-19. O gesto, apropriado por grupos racistas, é feito com união dos dedos polegar e indicador, mantidos abertos e esticados os dedos médio, anular e mínimo, de forma a caracterizar a formação das letras “WP”, como sigla para o lema racista White Power (“Poder Branco”). Na ocasião, o Senador Randolfe Rodrigues identificou o gesto e alertou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A Polícia do Senado Federal abriu inquérito.

 

Em sua defesa, Filipe alegou que estava ajeitando a lapela de seu paletó. A perícia do Senado desmentiu a versão.

Até para um leigo é difícil acreditar na versão da defesa. Basta olhar as imagens. Uma vez desmontada a alegação apresentada pelo acusado, Ney Bello demonstrou em seu voto como o gesto foi apropriado por extremistas e supremacistas brancos. E passou a ser usado como apito de cachorro, ou seja, uma mensagem codificada, "cujo conteúdo só seria conhecido por quem compartilha desse universo simbólico de representação supremacista e racista ".

Mas a Filipe caberia o benefício da dúvida. Poderia ele ignorar a simbologia do gesto? O voto aborda a questão. "Em primeiro lugar, o apelado é professor e foi assessor do ex-Presidente da República. Portanto, trata-se de pessoa que entende de política e é conhecedor das suas simbologias específicas, incluindo aquelas que enaltecem torturadores, fascistas e racistas. E utiliza essa simbologia de forma reiterada".

 

 


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