Temporais causam prejuízos às lavouras no Sul do Brasil

Do alto dá para ver o estrago nas plantações de milho e de trigo do produtor José de Paulo Cordeiro. De trator, ele só consegue fazer parte do caminho.

“Está maduro, mas nem conseguimos chegar para colher também o que sobrou ainda nos restinhos lá, os cantinhos. Mas, pelo jeito, alagou tudo mesmo lá”, diz.

O alto volume de chuva na primeira metade de outubro em São Mateus do Sul, no Paraná, deixou quase toda a lavoura alagada. Mesmo há uma semana sem chuvas fortes, a água ainda não baixou nas plantações. O prejuízo se repete na propriedade rural da família da agricultora Neusa Banowski. Na parte mais alta da plantação, a água está pegando a canela. Já ao fundo, o trigo está debaixo d'água.

"A raiz da planta ali também já morreu, né? Daí a planta vai secar mais antes e vai dar menos peso também na produção”, lamenta Neusa.

Estados da Região Sul concentram quase 90% da produção de trigo de todo o Brasil. De acordo com a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, as chuvas impediram que os paranaenses terminassem a colheita, que já estava na reta final, e atrapalharam os produtores do Rio Grande do Sul, que começariam a colher o grão.

"Pelo o que nós estávamos vendo agora, vai fechar em uns 40 por hectare, mas não vai dar. Tinha que colher, no mínimo, 60 para pagar os custos. Só os custos são 50 sacos de trigo por hectare e daí sobrariam 10 sacos. Vai sobrar nada este ano", conta o agricultor Diego Lorenzatto.

“O trigo e a cevada, com certeza, dá para pôr nessa categoria de plantas que não gostam muito de chuvas, especialmente quando elas estão prontas para colher. Então, nesse momento, a chuva é muito maléfica para a cultura, porque eles eram produtos prontos para colher”, explica o engenheiro agrônomo Hugo Godinho.

A Secretaria de Agricultura do Paraná projeta queda de 17% na colheita de trigo em outubro em relação a expectativa inicial. Mesmo nas áreas que não alagaram, o solo ficou encharcado e o prejuízo é visível.

“O agricultor está tendo que ser muito forte agora, nesse momento, para encarar essa nova safra aí”, diz a agricultora Neusa Banowski.