A primeira versão do relatório da reforma tributária no Senado Federal foi apresentada nesta quarta-feira (25) pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). A expectativa é que o texto seja votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Casa entre os dias 7 e 9 de novembro.
Para tributaristas ouvidos pelo g1, o texto apresenta avanços importantes, especialmente na questão fiscal.
O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, por outro lado, é bastante crítico das mudanças. Segundo ele, com as novas alterações, o Brasil se tornará "campeão mundial de exceções" no seu imposto sobre valor agregado (IVA), o que deve elevar a alíquota geral
As exceções, nesse caso, são regimes especiais de cobrança de impostos — ou seja, redução ou definição específica de tributos para determinadas atividades em comparação com a alíquota padrão.
Entre os principais pontos alterados no Senado em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados em julho, estão:
O texto apresentado no Senado ampliou de R$ 40 bilhões para R$ 60 bilhões o valor colocado pela União no fundo para os estados. Pela regra aprovada anteriormente na Câmara, a cifra cresceria gradativamente até o patamar de R$ 40 bilhões em 2033.
Agora, a nova versão eleva o valor para os R$ 60 bilhões anuais – mas só a partir de 2043. Entre 2034 e 2043, haverá um incremento de R$ 2 bilhões ao ano.
Os valores visam dar condições aos estados para o desenvolvimento de atividades produtivas. Saiba mais sobre o Fundo de Desenvolvimento Regional.
O tributarista Edison Fernandes, sócio da Fernandes, Figueiredo, Françoso e Petros Advogados, explica que o aumento de valores de transferência da União é uma consequência do fim dos incentivos fiscais estaduais, que vão acabar com a reforma tributária.
"Passa a ser [um repasse] financeiro, e não tributário", diz. "Um dinheiro efetivamente às custas da União, que acabará transferindo esses recursos."
A advogada Kelly Martarello, do Escritório Martarello Advogados, considera "bastante positivo" o aumento do fundo regional. Na prática, é uma regra que substitui os atuais benefícios fiscais dos estados.
De acordo com o texto da reforma, os impostos começarão a ser cobrados no destino (onde o produto é consumido), e não mais na origem (onde ele é produzido).
"A medida deve ajudar a remediar prejuízos de estados do Sul e do Nordeste, que serão os mais afetados — ao contrário dos grandes centros consumidores, como São Paulo e Rio de Janeiro, que tendem a ser beneficiados", diz.