19/10/2023 às 10h40min - Atualizada em 19/10/2023 às 10h40min

Conselho adia votação para criar usina que põe em risco internet no Brasil

Governo do Ceará tem projeto para criar usina que remove sal da água do mar na Praia do Futuro, em Fortaleza, por onde passam cabos de fibra ótica que mantém o país conectado à internet.

AB NOTICIA NEWS
G1
Foto: Divulgação/EllaLink
A reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) que votaria a aprovação ou não da usina de dessalinização de Fortaleza nesta quinta-feira (19) foi adiada. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) não explicou o motivo do adiamento.
 

A usina é apontada por empresas de comunicação como um risco para o fornecimento de internet no Brasil.

Conforme a TelComp, associação de operadoras do país, o risco é que a estrutura da usina acabe rompendo os cabos submarinos que chegam a Fortaleza de outros países e garantem o abastecimento de internet no Brasil.

 

O Coema é composto por 39 membros, entre representantes de órgãos públicos, de universidades e instituições da sociedade civil, como entidades de classe, de profissionais e do movimento ambiental.

O conselho é vinculado à Semace, que, entre outras funções, é responsável por emitir o licenciamento ambiental para obras no Ceará. A votação, portanto, iria avaliar se a Semace vai emitir ou não o licenciamento ambiental para que a obra possa seguir.

O objetivo da usina, que tem estrutura no fundo do mar, é remover o sal da água e aumentar em 12% a oferta de água potável para a população da Grande Fortaleza. Desde que o projeto foi anunciado na Praia do Futuro, empresários temem que a estrutura seja danificada e que o país fique off-line.

Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), responsável pela usina, diz que o temor das operadoras é infundado porque a companhia já alterou o projeto inicial e retirou parte da estrutura da usina de perto dos cabos.

 

Para entender a polêmica, é preciso saber o que está sendo construído e onde:

 

  • Praia do Futuro, no litoral de Fortaleza, é um dos locais no Brasil mais próximos da Europa e por isso é o lugar que primeiro recebe cabos de fibra ótica da Europa; a partir da capital cearense, esses cabos vão para Rio de Janeiro, São Paulo e outros países da América Latina. Ou seja, se os cabos foram rompidos no Ceará, o serviço de internet é afetado em todo o continente.
  • estrutura da usina começa no fundo do mar, próximo aos cabos que vêm da Europa; depois segue para terra firme, onde vai ocorrer de fato o processo de dessalinização da água e a distribuição para a cidade.


Temor de queda da internet continua

 

Apesar da distância entre a usina e os cabos de fibra ótica, o receio de deixar o Brasil offline continua.

"A usina vai puxar água do assoalho oceânico para tirar o sal. Essa sucção vai alterar o fundo do mar, mudando a topografia da região. E, mudando a topografia, os cabos vão se movimentar, o que também pode causar o rompimento de algum deles", afirma o professor de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC) Yuri Victor Lima de Melo.

Ainda conforme pesquisadores, o risco de dano ao cabeamento é permanente: já que a usina estará sempre em atividade, e possivelmente gerando movimento no assoalho (fundo do mar).
 


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