Em 2022, 72% dos alunos que foram aprovados no ensino superior privado optaram por estudar à distância, mostram dados do Censo da Educação Superior 2022, divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Nas licenciaturas (cursos de formação de professor), o índice foi ainda maior: 93,2%.
O crescimento da Educação à Distância (EAD), tendência presente nos últimos anos, gera preocupação de especialistas, por causa da regulação frágil do setor e da dificuldade de mensurar a qualidade dessas graduações.
Os mecanismos atuais de avaliação de cursos não levam em conta, por exemplo, o tipo de plataforma on-line usada pelas instituições de ensino e o tempo dedicado a aulas "síncronas", em que os alunos podem interagir em tempo real com os professores. A tendência é que as faculdades gravem o material didático apenas uma vez e o vendam para um número cada vez maior de interessados.
Segundo ele, por decisão do governo federal, 16 cursos superiores não poderão ser feitos à distância: 4 já suspensos (enfermagem, direito, odontologia e psicologia) e outros 12 ainda em debate, por meio de consulta pública.
️Por que os alunos escolhem EAD? Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, explica que a modalidade à distância "tem sido mais atrativa por trazer flexibilidade em termos de local e horário [para o aluno estudar], mas principalmente por ser oferecida com mensalidades muito, muito mais baratas".
“E 80% do alunado brasileiro têm renda per capita de até 3 salários mínimos, ou seja, não têm condição de pagar mensalidades [dos cursos presenciais]. A cobertura do Prouni e do Fies é baixa, e o número de vagas no ensino público também", complementa.