10/10/2023 às 09h42min - Atualizada em 10/10/2023 às 09h42min

É #FAKE que Lula doou R$ 25 milhões ao grupo Hamas

Doação, ocorrida em 2010, foi, na verdade, para a Autoridade Nacional Palestina, que é controlada pelo Fatah. Ajuda humanitária para reconstrução de Gaza envolveu outros países, com a promessa de US$ 5,4 bilhões.

AB NOTICIA NEWS
G1
Reprodução
Circula pelas redes sociais um print de uma página do Diário Oficial acompanhada de uma legenda que diz que "o ex-presidente Lula doou R$ 25 milhões para o grupo terrorista Hamas". É #FAKE.
 

A página mostra a lei 12.292, de 20 de julho de 2010, que autoriza o governo a doar R$ 25 milhões à Autoridade Nacional Palestina para a reconstrução de Gaza. A lei foi de fato promulgada, mas o dinheiro não foi doado ao Hamas, e sim à Autoridade Nacional Palestina.

A Autoridade Nacional Palestina é presidida desde 2005 por Mahmoud Abbas, do partido Fatah, que é opositor do Hamas. Morto em 2004, o primeiro presidente da ANP, Yasser Arafat, antecessor de Abbas, também era filiado ao Fatah.

Hamas e Fatah formaram um governo de união nacional em março de 2007. Pouco depois, Abbas dissolveu o governo. Mas em junho de 2007, confrontos mortais se intensificaram. Alegando que forças do Fatah estavam planejando um golpe, o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza à força. A Cisjordânia permaneceu sob o controle do Fatah.

Na justificativa do projeto que mais tarde virou a lei citada na mensagem falsa, o então ministro das Relações Exteriores Celso Amorim explicou que a doação era o primeiro grande esforço da comunidade internacional para a normalização da situação humanitária em Gaza após o conflito.

Ele citou a Conferência Internacional em Apoio à Economia Palestina para a Reconstrução de Gaza, realizada no Cairo, em 2 de março de 2009. O Brasil não foi o único a oferecer ajuda. Os participantes da conferência prometeram doar US$ 5,4 bilhões para a reconstrução da Palestina.

Amorim explicou na justificativa que a situação econômica e humanitária na Faixa de Gaza era crítica. A ONU calculava em US$ 613 milhões o montante necessário apenas para solucionar as necessidades mais urgentes de alimentação, construção, infraestrutura e saúde. Autoridades palestinas estimavam o custo total de reconstrução de Gaza em cerca de US$ 2 bilhões, a serem empregados em até cinco anos.

Não é a primeira vez que esse boato circula. Em 2018, ele foi desmentido pelo Aos Fatos e, em 2019, pelo Estadão Verifica.

Em 2023, a mensagem falsa volta a circular. O conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas é o mais mortal desde 2008 em território israelense; na Palestina, é o que tem o maior número de mortos desde 2015.

 


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