10/10/2023 às 08h21min - Atualizada em 10/10/2023 às 08h21min

Por que Brasil não classifica Hamas como 'grupo terrorista'

Brasil só considera "terroristas" os grupos classificados dessa maneira pela ONU.

AB NOTICIA NEWS
G1
Foto: EPA via BBC

A classificação do grupo palestino Hamas como terrorista é um tema que divide a comunidade internacional.

Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista.

Em suas manifestações no final de semana - após os ataques do Hamas no sul de Israel -, praticamente todos esses países voltaram a chamar o Hamas de grupo terrorista.

 

Historicamente o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela ONU. É o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico — consideradas organizações terroristas pela ONU e portanto também pelo governo brasileiro.

Esse critério faz com que o Brasil não mude a sua classificação de entidades consideradas terroristas mesmo quando há alternância de poder em Brasília.

Ao longo do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), o presidente chegou a se manifestar em favor de classificar grupos como o palestino Hamas e o islâmico xiita libanês Hezbollah como terroristas — mas oficialmente o Brasil nunca mudou sua postura.

 

O Brasil, que assumiu, por um mês, a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, convocou os membros do órgão para uma reunião de emergência no domingo. Após o encontro, o Brasil emitiu nova nota, também sem mencionar o Hamas.

"O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas", disse o Itamaraty em nota.

Mesmo sem classificar o Hamas como grupo terrorista, o Brasil já se manifestou contra o grupo na ONU.

Em dezembro de 2018, o Brasil votou a favor de uma proposta dos Estados Unidos na Assembleia Geral da ONU que condenava o Hamas pelo uso de foguetes contra Israel, exigindo que o grupo renunciasse à violência.

Em discurso na Assembleia na ocasião da votação, a embaixadora americana disse que o Hamas representava um dos "casos mais feios de terrorismo no mundo".

O texto recebeu 87 votos a favor, 57 contra e 33 abstenções — e foi rejeitado por não ter alcançado dois terços de aprovação.

 

As motivações de cada país para classificar uma entidade como terrorista ou não variam de acordo com os interesses e diretrizes da política externa de cada um.

Há países que, além de não considerarem o Hamas um grupo terrorista, ainda oferecem apoio à organização.

Segundo o Council on Foreign Relations (CFR), think tank americano sobre política exterior, países como Irã e Turquia oferecem apoio direto ao Hamas.
 

 


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