08/10/2023 às 08h00min - Atualizada em 08/10/2023 às 08h00min

CPI conclui que a 123 Milhas operava no vermelho 4 anos antes de pedir recuperação judicial

O relator da comissão, deputado Ricardo Silva, avalia que não há dúvidas de que a empresa funcionou como uma pirâmide financeira, em que as passagens de clientes mais antigos eram pagas com o dinheiro arrecadado pelas novas compras.

AB NOTICIA NEWS
G1
Reprodução

A CPI das Pirâmides Financeiras deve apresentar o relatório final na segunda-feira (9). As investigações mostram que a empresa 123 Milhas operava no vermelho quatro anos antes de pedir recuperação judicial.

Em agosto, clientes fizeram fila na sede da 123 Milhas em Belo Horizonte, em postos da Defensoria Pública e em aeroportos. Em crise financeira, a agência suspendeu a emissão de bilhetes de viagens e de hotéis de uma linha promocional, em que os clientes compravam um pacote, mas não escolhiam a data exata e nem o horário do voo. Resultado: milhares de clientes pagaram, mas não puderam viajar.

Com auxílio da Polícia Federal, a CPI das Pirâmides Financeiras, da Câmara dos Deputados, investigou a empresa. O relator, deputado Ricardo Silva, do PSD, avalia que não há dúvidas de que a 123 Milhas funcionou como uma pirâmide financeira, em que as passagens de clientes mais antigos eram pagas com o dinheiro arrecadado pelas novas compras.

O relatório da Polícia Federal mostrou que a 123 Milhas vendia “hoje” para pagar “amanhã”, apostando em preços que não estavam sob o seu arbítrio e escolha. O relator argumenta, ainda, que a empresa vendia viagens para dois ou três anos à frente, datas em que as companhias áreas sequer haviam começado a oferecer passagens. Um dos sócios, Ramiro Madureira, prestou depoimento à CPI em setembro.

A Polícia Federal analisou onze contas bancárias da empresa. De janeiro de 2019 a agosto de 2023, as operações financeiras das contas somam R$ 46 bilhões. No relatório, a PF concluiu que há indícios substanciais de inviabilidade econômica na atividade da 123 Milhas, visto que opera com saldo negativo desde, ao menos, o ano de 2019; e de que não há capital de giro no caixa para honrar os compromissos assumidos sem que haja contínua assunção de novos compromissos, de modo que o colapso, dadas as mesmas circunstâncias, seria inexorável.


 


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