01/10/2023 às 10h09min - Atualizada em 01/10/2023 às 10h10min

À PF, general da reserva diz que era manifestante comum e não participou de quebra-quebra em 8 de janeiro

Ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Ridauto Fernandes foi alvo de um mandado de busca e apreensão

AB Notícia News
O Globo
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Alvo de um mandado de busca e apreensão na nova fase da Operação Lesa Pátria, o general da reserva Ridauto Fernandes afirmou nesta sexta-feira que não participou das invasões e depredações dos prédios públicos em 8 de janeiro, apesar de ter ido ao ato golpista na Esplanada dos Ministérios. Ex-integrante das "Forças Especiais" do Exército, os chamados "kids pretos", ele afirmou em depoimento à Polícia Federal que atuou como um manifestante comum e saiu antes do quebra-quebra naquele dia.

Vídeos de celular gravados pelo próprio general o mostram na Praça dos Três Poderes no momento do ato. Enrolado em uma bandeira do Brasil, ele diz que a "PM jogou bombas de gás lacrimogêneo na multidão por meia hora". — E agora eles estão aqui na frente e o pessoal está aplaudindo a Polícia Militar — comenta o general no vídeo.

Segundo a coluna de Bela Megale, a PF abriu uma investigação para descobrir se membros das "Forças Especiais" agiram para iniciar e facilitar a invasão dos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro. Os militares desse grupo são treinados com técnicas de ações de sabotagem, insurreição, guerrilha e operações de inteligência.

Os investigadores suspeitam da ação de homens camuflados com balaclavas e luvas que orientaram outros manifestantes a invadir o Congresso Nacional e a utilizar mangueiras anti-incêndio para minimizar os efeitos do gás lacrimogêneo.

Os investigadores também perceberam uma movimentação coordenada de manifestantes para furar o bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal e se dirigir às sedes do Parlamento, da Presidência da República e do Supremo Tribunal Federal.

A PF informou que o alvo teve as contas bloqueadas para uma eventual indenização pelos danos causados ao patrimônio público. O general Ridauto também teve dois celular, duas armas regulares e o passaporte apreendidos pelos agentes.

O militar é investigado pelos crimes de abolição violenta ao Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e incitação ao crime.

“Policiais federais cumprem um mandado de busca e apreensão, expedido pelo Supremo Tribunal Federal, na cidade de Brasília/DF. Além dessa medida, foi determinado pelo STF o bloqueio de ativos e valores do investigado”, disse a corporação, em nota. As ordens foram expedidas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

O general Ridauto Fernandes foi ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello, que também integrou as "Forças Especiais" e o convidou para o cargo. Durante a pandemia de Covid-19, ele escreveu artigos defendendo que o governo Bolsonaro fizesse uma intervenção nos Estados e declarasse o Estado de Sítio para determinar regras de circulação durante a crise sanitária.

O general da reserva também comandou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio Grande do Norte entre o fim de 2017 e o início de 2018, decretada pelo então presidente Michel Temer. Fernandes está na reserva desde fevereiro de 2018. Atualmente, ele trabalha como diretor de Segurança e Defesa do Instituto Sagres, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que presta consultorias e faz estudos sobre política e gestão pública.


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