29/09/2023 às 14h37min - Atualizada em 30/09/2023 às 00h00min

Como manter a saúde mental na transição de cuidados?

É necessário um olhar sensível ao paciente e sua família durante a hospitalização, ambos estão sujeitos a problemas psíquicos

Alessandra Siegel
Divulgação
Pessoas hospitalizadas em diferentes momentos da vida enfrentam disposição emocional durante a internação e, ao vivenciar o adoecimento, apresentam sentimentos como medo, insegurança e incertezas durante o processo de recuperação. Além disso, existe a perda de autonomia frente ao cenário de dependência. Com esse quadro, uma instituição de transição funciona como suporte psicológico assim como físico.

“Isso ocorre uma vez que se trata de uma fase de grande impacto na rotina, com a despersonalização não só do paciente como da rede de apoio. Nesse momento é necessário um olhar sensível ao paciente e sua família que estão sujeitos a sofrimentos psíquicos e fatores de riscos a patologias de ordem mental, como Transtorno de ansiedade/Transtorno de ansiedade generalizada/Transtorno depressivo maior, reações agudas ao estresse, agitação psicomotora e episódios psicóticos, quadro confusional, por exemplo”, declara Gracy Kelly da Silva Oliveira, psicóloga da YUNA, instituição de transição de cuidados.


Nesse cenário é fundamental para a efetividade do tratamento um olhar para a   saúde mental, identificando recursos de enfrentamento, manejo de desordens emocionais através da promoção das mudanças de forma gradual e saudável, atendimentos voltados a elaboração do momento experienciado, realizando atividades de autopercepção, ressignificação e de prevenção.

Além disso, “é fundamental possibilitar a diminuição do sofrimento que a hospitalização e a doença causam no sujeito e sua família que vivência um momento de crise acometido pelo sentimento de impotência aos cuidados assistenciais, que nesse momento não caberá à rede de apoio. E é através do trabalho de significação que validamos a importância dos vínculos afetivos como ferramenta do cuidar”, esclarece a psicóloga.

A importância de enxergar a saúde mental parte da necessidade do cuidado amplo ao paciente e à família. Em casos de instabilidade psíquica, não é possível alcançar metas de recuperação, uma vez que existe a mobilização que impede a evolução dos aspectos físicos e tratamentos do paciente. Diante disso, na transição de cuidados, o psicólogo avalia o estado emocional do indivíduo e da família, os impactos do adoecimento e da internação para ambos, e identifica as demandas e as fragilidades para estabelecer condutas centradas especificamente àquele paciente, como:
  • Cuidado voltado às dimensões e valores de vida, como recurso de enfrentamento através do suporte psicológico, social, espiritual e físico as pessoas e seus entes queridos, favorecendo o reajustamento e ressignificação durante a reabilitação e até mesmo em um cenário onde a cura não é possível;
  • Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade durante os cuidados construindo o plano terapêutico dentro da biografia do paciente e incluindo, sempre que possível, no planejamento do cuidado;
  • Promover autonomia e protagonismo durante a internação, seja voltada a reabilitação e/ou elaboração do processo de uma doença grave;
  • Criar propostas terapêuticas que desconstruam os estigmas voltados ao serviço de saúde, trabalhando autocuidado, socialização e autopercepção emocional.
De acordo com Gracy Kelly, as estratégias citadas favorecem a organização de vida e a qualidade do tratamento valorizando as condições adequadas de atendimento aos pacientes e familiares e o melhor desempenho das equipes de saúde na instituição de transição. Isso de forma que sensibilize e estimule os mecanismos dentro do repertório de vida sobre as novas formas de lidar com a situação, promovendo o devido suporte para o momento de instabilidade emocional e contribuindo para os vínculos de confiança com a equipe multiprofissional, fundamental para evolução do plano terapêutico  proposto.

Algumas dicas de como cuidar da saúde mental na transição de cuidados
  • Promover acolhimento e suporte emocional aos pacientes e familiares;
  • Realizar processos de comunicação entre os membros da equipe em uma perspectiva biopsicossocial;
  • Capacitações e reuniões para discussão de casos e planejamento dos planos terapêuticos com a participação das diversas áreas de conhecimento envolvidas na assistência, gerando a circulação das informações necessárias aos cuidados individuais, a interdisciplinaridade e melhores condutas, valorizando a biografia do paciente e valores da sua rede de apoio;
  • Identificar motivadores e fatores de riscos para a adesão do tratamento proposto pela equipe;
  • Auxiliar na compreensão e elaboração da condição clínica, diagnóstico e tratamento;
  • Identificar e fortalecer recursos de enfrentamento.
Familiares e pacientes são muitas vezes incompreendidos ou até mesmo marginalizados, devido a alguns estigmas e preconceitos que ainda são presentes na sociedade por falta de conhecimento no que se refere a saúde mental. É comum presenciarmos a invalidação ou desvalorização das queixas de ordem emocional, o que é muito prejudicial à recuperação do paciente, porque impede a busca de soluções adequadas para minimizar os efeitos dessa condição clínica. É preciso nos educar e entender que as patologias de ordem da saúde mental não são frutos da imaginação, falta de fé, “coisa de louco” ou fraqueza, por exemplo”, complementa Gracy Kelly da Silva Oliveira.

A YUNA, especializada em transição de cuidados, oferece suporte completo para pacientes de reabilitação, cuidados paliativos e continuados, atendimento individualizado e assistência transdisciplinar. Mais informações no telefone (11) 3087-3800 ou no site  https://yuna.com.br/.

 
 

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