26/09/2023 às 09h39min - Atualizada em 26/09/2023 às 09h39min

Com novos recordes, agronegócio se consolida como motor da economia

Brasil já é o maior exportador global de milho, cresce no algodão e ganhará se diversificar ainda mais a produção

AB Notícia News
O Globo
Fábio Rossi/Agência O Globo

Com o plantio em fase inicial, a previsão para o agronegócio em 2024 é positiva. Estimativas preliminares da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam crescimento nas duas principais cadeias, da soja (responsável por 40% das exportações do setor) e da carne (20%). A expectativa é de novos recordes na produção de soja e de carnes, em especial frangos e suínos. Nem mesmo a previsão de queda de 1% na safra de grãos 2023/2024, para 319,5 milhões de toneladas, tira o brilho do setor.

Os empreendedores do campo souberam como poucos responder às demandas provocadas primeiro pela pandemia, depois pela guerra na Ucrânia. Entre a safra 2019/20 e a última, o salto foi de 25%, sinal inequívoco de que o agronegócio continuará sendo o motor da economia brasileira. O sucesso, porém, não deve adiar um debate sobre a necessidade de diversificar mercados, investir em novos produtos e adicionar valor às exportações agropecuárias.

No ano passado, o Brasil só ficou atrás de União Europeia (com Reino Unido) e dos Estados Unidos no ranking dos maiores exportadores. Em 20 anos, multiplicou as vendas ao exterior quase por dez. Na base dessa transformação estão o emprego de tecnologia e novas técnicas de gestão.

Cálculos do departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA) dão o Brasil como país que mais aumentou a produtividade desde a década de 1980, com destaque para o período a partir dos anos 90. A adaptação de técnicas como plantio direto e a adoção em larga escala do cultivo da segunda safra estão entre as causas. A prática de rotação entre soja e outras culturas colocou o país entre os grandes exportadores de milho e algodão, produto que outrora importávamos.

No milho, o Brasil ultrapassou os embarques dos Estados Unidos na safra 2022/2023 e deverá repetir o feito na próxima. Com isso, nos tornamos os maiores exportadores mundiais de seis das maiores produções agrícolas. No algodão, os dois países estão no mesmo patamar, com leve vantagem para os americanos. O avanço dessas culturas é uma óbvia ajuda na diversificação do setor. Mas é preciso investir mais em outros segmentos.

Somados aos produtos florestais, os complexos da soja e da carne ainda respondem por quase 70% das exportações do agronegócio. Potencial não falta. O Brasil tem participação mínima na venda de produtos que somam um mercado global de US$ 726 bilhões, reunindo artigos de alto valor agregado, como frutas, vegetais, laticínios, bebidas e alimentos processados, segundo estudo do Insper. Explorar também esses segmentos traria ainda mais benefícios para o país.

Além da diversificação, impõe-se a necessidade de aumentar a produção não pela expansão da área plantada, que pode acarretar desmatamento, mas pelo emprego ainda maior de tecnologia. Quanto mais o setor apostar em novos segmentos e em aumento de produtividade, mais reflexos positivos serão colhidos no mercado de trabalho e nas contas externas.


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