09/09/2018 às 21h16min - Atualizada em 09/09/2018 às 21h16min

O que há por trás da decisão da Burberry de parar de queimar seus produtos e de usar peles

BBC BRASIL
Burberry diz que está se esforçando para reutilizar sobras de tecidos e peças que ficaram ecalhadas no estoque GETTY IMAGES

A Burberry, famosa marca de luxo britânica, anunciou que vai parar imediatamente de incinerar roupas, assessórios e perfumes não vendidos. Também não vai mais usar peles verdadeiras em seus produtos e irá tirar de linha as existentes.

Nos últimos cinco anos, o valor total de produtos destruídos pela Burberry ultrapassou 90 milhões de libras, o equivalente a cerca de R$ 446 milhões. A estratégia, revelada em uma das demostrações de resultado da empresa, era usada para impedir que os produtos fossem furtados ou vendidos a um valor abaixo do de mercado.

Ambientalistas e ativistas dos direitos dos animais reagiram quando foi divulgado que, somente no ano passado, a empresa incinerou produtos no valor total de 28,6 milhões de libras, cerca de R$ 141,7 milhões, para preservar a marca. Acionistas também reclamaram e pressionaram por mudanças.

Apesar de a notícia ter irritado consumidores e investidores, a decisão de incinerar produtos encalhados não surpreende o mundo da moda. Na ocasião, a empresa explicou que o ano de 2017 tinha sido atípico e que resolvera descartar 10 milhões de libras em perfumes depois de assinar um acordo com a companhia americana Coty, que havia produzido novos estoques.

Mas a marca britânica se viu pressionada a mudar para atender um mercado cada vez mais exigente e resistente a produtos e iniciativas não sustentáveis.

A Burberry, que atualmente usa peles de animais como coelho, raposa e guaxinim asiático em suas coleções, prometeu parar de usá-las no futuro. A empresa informa ainda que firmou parcerias para desenvolver novos tipos de material e reutilizar sobras de tecido.

desfile da Burberry

desfile da Burberry

Direito de imagemAFP
Image captionApesar de não ter marcado data, Burberry prometeu parar de usar pele verdadeira de animais

A Fundação Peta (People for the Ethical Treatment of Animals, ou Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) disse à BBC que a decisão da Burberry é bem-vinda.

"As poucas casas de moda que se recusam a se modernizar e a ouvir a opinião pública que é contra o uso de pele verdadeira agora estão em evidência", disse Peta. "Se eles querem permanecer relevantes em uma indústria em constante mudança, não têm escolha a não ser parar de usar peles roubadas de animais para seus casacos, golas e punhos", complementou a entidade.

Esforço de reciclagem

A Burberry informou que já reutiliza, conserta, doa e recicla produtos que não foram vendidos, e prometeu vai aumentar os esforços para não destruir peças encalhadas.

No ano passado, a empresa iniciou uma parceria com a empresa Elvis & Kresse, marca de luxo que vende produtos sustentáveis, para que 120 toneladas de cortes de couro sejam transformados em novos produtos nos próximos cinco anos.

Ao mesmo tempo, a Burberry também criou um grupo com o Royal College of Art de Londres para criar novos materiais sustentáveis.

"Luxo moderno significa ser social e ambientalmente responsável", disse o executivo-chefe da Burberry, Marco Gobbetti.

"Essa crença é fundamental para nós na Burberry e fundamental para o nosso sucesso a longo prazo. Estamos comprometidos em aplicar o mesmo princípio em todas as partes da Burberry, como fazemos com nossos produtos."

 


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