09/09/2018 às 20h27min - Atualizada em 09/09/2018 às 20h27min

Reações a atentado contra Bolsonaro refletem polarização nas redes sociais

BBC BRASIL
As interações nas redes sociais sobre ataque a Bolsonaro refletiram polarização que domina discussão política no Brasil GETTY IMAGES

As discussões no Twitter sobre o ataque ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) - esfaqueado na tarde de quinta-feira (6) durante um ato de campanha em Minas Gerais - foram dominadas por grupos que, de um lado, questionavam a veracidade do atentado e, do outro, demonstravam solidariedade a Bolsonaro e culpavam a esquerda pelo que havia acontecido.

A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) analisou 259.438 retuítes coletados entre 17h e 18h30 de quinta-feira sobre o ataque e identificou que alguns grupos se formaram nas discussões.

O maior deles, com 43,4% dos perfis, questionava a veracidade do ataque. "O principal tuíte do grupo classifica o ataque como uma 'fake facada'", diz relatório da FGV.

Esses perfis também diziam que o candidato pode ter planejado o próprio ataque e afirmaram ter medo de que o caso facilite a sua eleição. Também criticam o fato de Bolsonaro apoiar o porte de armas. Segundo esses usuários, isso geraria atos de violência ainda piores do que a sofrida pelo candidato, diz a FGV.

Bolsonaro leva facada

Bolsonaro leva facada

Direito de imagemAFP
Image captionO candidato estava sendo carregado por apoiadores quando levou uma facada na barriga

O segundo maior grupo, com 17% dos perfis em interação, demonstra solidariedade ao candidato e culpa a esquerda pelo atentado. "O suspeito de esfaquear o candidato é classificado pelo grupo como um 'ativista comunista'", diz o relatório. Os perfis também reagem àqueles que dizem que Bolsonaro teria provocado o ataque.

O menor grupo, (5,5%), demonstra solidariedade a Bolsonaro, apesar de não gostar do candidato, e diz esperar que o ataque faça-o repensar seu posicionamento sobre armas. Outro comentário comum nesse grupo foi que o ataque a Bolsonaro seria responsável por sua eleição por transformá-lo em um mártir, diz o relatório.

O número de referências a Bolsonaro chegou a mais de 1,4 milhão entre as 16h e as 20h de quinta-feira.

Menções a Lula, Haddad, Boulos e Ciro

O ex-presidente Lula foi o político mais mencionado no debate virtual no Twitter nesse período, diz o relatório. As principais menções lembravam o ataque a tiros, ocorrido ao março, a um ônibus que transportava apoiadores dele, no Paraná. Os tuítes afirmam que a divisão entre direita e esquerda estaria adoecendo o Brasil, segundo o relatório. Os usuários lembram eventos recentes envolvendo casos de violência na política, como o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio.

Surgiram também acusações contra o PT. Nesses casos, eram mais comuns menções ao partido e a Fernando Haddad, hoje vice na chapa de Lula e provável substituto do ex-presidente na cabeça da chapa, já que Lula teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Lula em caravana

Lula em caravana

Direito de imagemRICARDO STUCKERT
Image captionUsuários lembraram que caravana com apoiadores de Lula foi alvo de tiros em março deste ano

O candidato Guilherme Boulos e o seu partido, o PSOL, também foram citados em tuítes que acusavam a esquerda, pois o suspeito de ter cometido o ataque, Adelio Bispo de Oliveira, 40, foi filiado ao partido de 2007 a 2014.

Usuários também citaram o candidato Ciro Gomes (PDT), pois circulou um boato de que o suspeito era filiado ao partido, o que não é verdade. No entanto, diz a FGV, a maior parte das menções a Ciro traziam as declarações do candidato sobre o ataque a Bolsonaro.

Usuários comparam caso a House of Cards e lembram de Kennedy

Segundo o relatório da FGV, muitos usuários citaram a série "House of Cards", tanto pela reviravolta que o ataque pode representar para as eleições quanto porque, na série, o protagonista vivido por Kevin Spacey também é atacado em campanha.

Outros lembraram o atentado contra o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, em 1963.

John F. Kennedy

John F. Kennedy

Direito de imagemAP
Image captionJohn F. Kennedy foi morto por um tiro em 22 de novembro 1963

Até as 18h de quinta-feira, o assunto repercutia no tuítes de 12 países: Argentina, Chile, Vietnã, Porto Rico, México, Estados Unidos, Venezuela, Bahrein, Colômbia, Bielorússia, Reino Unido e Espanha. Argentina e Chile foram os primeiros países a terem entre os assuntos mais mencionados a referência ao nome do candidato.


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