07/09/2023 às 10h15min - Atualizada em 07/09/2023 às 10h15min

Após prefeito negar 'proximidade' com o ex-presidente, PL pressiona Nunes a abraçar Bolsonaro em SP

Cenário traz à tona insatisfação de bolsonaristas com aliança; Wajngarten deu indireta sobre candidatos 'distantes', e Valdemar cobrou vaga de vice

AB Notícia News
O Globo
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Em meio a reiteradas tentativas do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), de demarcar distância para o bolsonarismo, o entorno de Jair Bolsonaro (PL) passou a cobrar fidelidade do emedebista e intensificou a pressão por uma vaga em sua chapa em 2024. A postura do chefe do Executivo municipal também trouxe à tona a insatisfação de aliados do ex-presidente com o provável apoio a Nunes que pleiteiam uma candidatura própria na cidade, maior colégio eleitoral do país.

O prefeito tem buscado se equilibrar entre a aliança que pode render votos na direita e a rejeição a Bolsonaro no eleitorado de centro. Em palestra a estudantes universitários, anteontem, Nunes tergiversou ao ser questionado, de forma dura, se permaneceria ao lado de Bolsonaro mesmo após “milhares de mortes na pandemia da Covid-19” em São Paulo. A reação do prefeito — “Eu? Do lado do Bolsonaro?” — irritou aliados do ex-presidente.

 

Depois, em sua resposta, adotou tom pragmático e disse que conversa “com todos”. Sem mencionar uma aliança eleitoral, ainda exaltou índices de vacinação na capital paulista e pediu que não coloquem em sua conta “coisas dos outros”.

— Não tenho proximidade com o (ex-)presidente Bolsonaro, como não tenho com o (presidente) Lula — disse Nunes.

O ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, um dos articuladores da aliança entre Bolsonaro e Nunes, externou insatisfação ainda na noite de terça. Sem mencionar o prefeito de São Paulo, Wajngarten afirmou em uma rede social que “ninguém se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante”. Wajngarten é um dos aliados mais próximos do ex-presidente, e tem auxiliado sua defesa em casos como o das joias árabes.

A fala de Nunes também foi a deixa para que o ex-ministro e deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que pleiteava ser o candidato do PL à prefeitura de São Paulo, reiterasse o incômodo com a aliança costurada pelo partido. Em suas redes sociais, Salles ironizou a declaração do prefeito com a frase “nada como um dia após o outro”. O deputado jogou a toalha dos planos de concorrer à capital em junho, após flertes de Bolsonaro e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com Nunes.

Antes da declaração de anteontem, Nunes já vinha sendo acusado de “esconder” Bolsonaro em suas redes sociais. O PL também reclama do espaço que ocupa hoje na gestão Nunes, considerado insuficiente, na secretaria municipal do Meio Ambiente.

Na segunda-feira, Valdemar publicou um vídeo no qual reiterou a intenção de Bolsonaro de indicar o candidato a vice na chapa de Nunes. Aliados do ex-presidente teriam se irritado com a especulação de colegas de chapas que não têm ligação com Bolsonaro, em especial a ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) e o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP).

Em sua fala, Valdemar defendeu a composição com Nunes, sob o argumento de que Bolsonaro perdeu a disputa de 2022 na capital paulista, mas frisou a prioridade do ex-presidente na composição da chapa.

— Ele (Bolsonaro) me ligou essa semana e perguntou se pode indicar o vice. Eu falei que ele pode indicar o vice onde quiser, ainda mais em São Paulo — declarou Valdemar.

Aliados de Ricardo Nunes sustentam que ele não tem controle sobre nomes ventilados para a chapa, mas alegam que a chapa será definida apenas no ano que vem, ouvindo todas as partes, e que a escolha do vice não foi imposta como condição para o apoio de Bolsonaro.

 

Em relação à cobrança de “abraçar” o bolsonarismo, correligionários de Nunes afirmam que não é a melhor estratégia eleitoral por ora. Isso porque, como mostrou pesquisa Datafolha, 68% dos eleitores rejeitam votar no candidato indicado por Bolsonaro em São Paulo. Uma associação forte à imagem do ex-presidente poderia se tornar um limitador de crescimento.

 

União contra esquerda

 

Embora o fogo amigo cause desgastes para a campanha de Ricardo Nunes, integrantes do PL garantem ser pouco provável que Valdemar Costa Neto não apoie o prefeito em 2024 e aposte em outro nome para a eleição paulistana. Na última pesquisa Datafolha, ele aparece em segundo lugar, com 24% das intenções de voto. Segundo o vereador Isac Félix, presidente municipal do PL na capital paulista, “o barco continua remando” para Nunes.

 

 

— O prefeito gosta do Bolsonaro, acha que é importante o apoio, mas ele é MDB. Não significa que vai ficar colado (no Bolsonaro). Temos que unir o centro e a direita para derrotar a extrema esquerda. Essa é a visão do PL. Nesta união, Bolsonaro está dentro — avaliou o dirigente.


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