17/08/2023 às 10h56min - Atualizada em 17/08/2023 às 10h56min

CPI dos Atos Golpistas ouve nesta quinta hacker investigado por invasão a sistema de Justiça

Walter Delgatti Neto diz ter recebido R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli para invadir sistemas do Judiciário. Hacker se encontrou com Bolsonaro para discutir supostas fragilidades da urna eletrônica.

AB Notícia News
g1
Reprodução/Twitter @Zambelli2210

CPI dos Atos Golpistas ouve nesta quinta-feira (17) o Walter Delgatti Neto, hacker que protagonizou a invasão de celulares de autoridades e é investigado pela invasão a sistemas de Justiça. A sessão está marcada para as 9h.

Recentemente, o "hacker de Araraquara" voltou à mira da Polícia Federal pela invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

No ofício, havia inclusive a frase "faz o L" — um dos slogans da campanha eleitoral mais recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

À época, Walter Delgatti Neto disse que o falso documento foi redigido pela deputada Carla Zambelli (PL-SP).

No total, foram aprovados 6 requerimentos para convocação do hacker — todos de autoria parlamentares da base de apoio do governo, entre eles a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Na noite desta quarta (16), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o hacker recorra ao silêncio durante o depoimento. A decisão atendeu a um pedido da defesa de Delgatti.

Segundo Fachin, ele também:

 

  • poderá contar com a assistência de um advogado
  • e não deverá "sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores"

 

 

R$ 40 mil de Zambelli

 

Walter Delgatti Neto voltou a ser ouvido pela Polícia Federal nesta quarta (16). Foi a segunda vez em que o hacker depôs sobre a relação com Zambelli e o plano para invadir sistemas do Judiciário.

Investigado pela tentativa de invasão à Justiça, Delgatti está preso desde o início de agosto. Ele foi detido em operação da PF, que também contou com buscas e apreensões em endereços de Zambelli.

Segundo o advogado Ariovaldo Moreira, no depoimento, o hacker complementou informações e apresentou provas à PF de que foi contratado pela deputada para "invadir qualquer sistema do Judiciário".

Em entrevista a jornalistas, Moreira declarou que Delgatti recebeu R$ 40 mil pelo serviço.

"Ele faz provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Foi próximo a R$ 14 mil em depósito bancário. O restante, em espécie. [Para] invadir qualquer sistema do Judiciário", disse o advogado.

Em depoimento à PF, Delgatti disse que esteve no Palácio da Alvorada e que, na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) teria questionado a ele se seria possível invadir as urnas eletrônicas.

O encontro entre o hacker e Bolsonaro foi articulado por Zambelli.

Enquanto presidente da República, Bolsonaro fez reiteradas críticas às urnas e tentou colocar em xeque o sistema eleitoral sem jamais ter apresentado provas de eventuais irregularidades.

 

Em uma das empreitadas contra o sistema eleitoral, o então presidente convocou embaixadores para encontro no Palácio da Alvorada, com o objetivo de apresentar suposições infundadas sobre o processo eleitoral brasileiro. A reunião levou o TSE a declarar Bolsonaro inelegível.

À imprensa, a defesa de Carla Zambelli afirmou que a deputada "rechaça qualquer acusação de prática de conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de pagamento ao mencionado hacker".

 

Lava Jato

 

Preso pela PF por suspeita de fraude em sistemas de órgãos públicos, Delgatti ficou conhecido no episódio do vazamento de mensagens da Lava Jato.

À época, Walter Delgatti Neto afirmou ter conseguido acessar perfil de aplicativo de mensagens vinculado a autoridades da Operação Lava Jato, em Curitiba (PR).

Em 2019, foram vazadas mensagens atribuídas, por exemplo, ao então juiz Sergio Moro, atualmente senador, e ao então procurador Deltan Dallagnol, ex-deputado.


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