09/08/2023 às 15h34min - Atualizada em 10/08/2023 às 00h02min

Reagir significa colocar limite na violência

*Por Kobi Lichtenstein

Roberta
www.kravmaga.com.br 
Federação Sul Americana de Krav Maga
A violência doméstica é uma realidade com a qual convivemos todos os dias. Segundo dados divulgados na última semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em seu Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, a taxa de mortes violentas intencionais no Brasil ficou em 23,4 a cada 100 mil habitantes em 2022. Em comparação com 2021, houve aumento desse índice em estados como Acre (21%), Alagoas (4,2%), Mato Grosso (18,9%), Minas Gerais (2,2%), Pará (0,6%), Paraná (7,2%), Pernambuco (1,3%), Piauí (4,5%), Rio Grande do Sul (3,8%), Rondônia (14%), São Paulo (1,3%), e Tocantins (5,5%). Já na questão de violência sexual, o Anuário 2023 apontou que a taxa de estupro e estupro de vulnerável cresceu 8,2% e chegou a 36,9 casos a cada 100 mil habitantes.

Quem acompanha o noticiário, se depara cotidianamente com casos diversos de violência escancarada nas telas e nos jornais, sem filtro. Mas outra coisa que chama a atenção nesse cenário é como as pessoas encaram aquele cidadão que reage a uma violência. Muitas vezes, esse cidadão é taxado de violento de forma até mais enfática do que aquele que o agrediu.

Falar sobre reagir, quando o assunto é defesa pessoal e violência cotidiana é sempre delicado. Isso porque ouvimos, todos os dias, das autoridades ligadas à segurança pública, que o correto é não reagir a uma ameaça ou agressão. Mas vamos olhar esse tema sob outro ponto de vista.

Pelo dicionário, a palavra REAGIR significa agir em consequência da ação de outro; agir em resposta a um estímulo; opor-se, resistir. E o que acontece quando alguém te ameaça ou te agride? Você paralisa? Você chora? Você fica mais agitado? Você grita? Se pensarmos pela definição da palavra, tudo isso é uma reação.

O treinamento adequado de defesa pessoal (aqui eu falo do Krav Maga, a modalidade israelense de defesa pessoal, que não é uma prática esportiva e tem sua filosofia voltada especificamente à proteção da vida e da integridade física) dá ao praticante a habilidade física e mental de controlar suas emoções, seu medo e sua reações. Ou seja, tira da mão do atacante e passa às mãos do praticante de defesa pessoal o poder de decisão sobre a defesa de sua vida no momento da ameaça ou do ataque em si.

Duas situações emblemáticas foram mostradas na novela “Terra e Paixão”, de Walcyr Carrasco nos últimos dias. O personagem Caio (Cauã Reymond) é um filho humilhado e maltratado por seu pai (Tony Ramos) e, depois de muito tempo, toma uma atitude e resolve parar com as agressões do pai. Em suas próprias palavras ele diz: “eu reagi!”. Significa que ele saiu do estado pacífico de aceitar e de alimentar a violência contra si, para se tornar um agente ativo na eliminação do ato violento. Caio impôs limite à violência.

Outra personagem, a Lucinda, performada por Débora Falabella, é a franzina mulher que apanha de seu marido violento. Quando ela inicia o treinamento de Krav Maga, retratado na novela, ela muda a sua relação com o medo, com suas inseguranças e autoestima e impede o ataque do marido, efetivamente, com um golpe de Krav Maga. Pergunto: ela foi violenta? Não, ela reagiu à violência ativamente.

Enquanto as autoridades apelam para que o cidadão não reaja, a sociedade padece refém da violência. Quando há um preparo específico, feito por profissionais habilitados, para que essa reação seja controlada, o cidadão passa a ser agente ativo do combate à violência.

Retratado no cinema e nas novelas, o Krav Maga vem se popularizando entre civis e militares, por sua eficiência. Não só na ficção, mas também na vida real, o Krav Maga tem mudado a vida das pessoas.

Nem sempre o poder público estará presente para ajudar aquele cidadão que sofre de violência. O Krav Maga forma pessoas mais controladas e capacitadas para conter o real agressor: aquele que chega para, de alguma forma, violar a liberdade do cidadão, agredir, atacar e até matar. Krav Maga é baseado em defesa – na proporção do ataque sofrido. Quem se defende não pode e não deve ser considerado violento.


* O autor, Grão Mestre Kobi Lichtenstein (faixa-vermelha – 8º Dan) é israelense, foi aluno direto do criador do Krav Maga, Imi Lichtenfeld, e foi seu primeiro faixa-preta a sair de Israel com a missão de difundir a técnica pelo mundo, chegando ao Brasil em 1990. É ex-combatente nas Forças de Defesa de Israel, com MBA em Segurança Nacional pela Israeli College fo Security and Investigation em Hod Hasharon em Israel e Newport University, nos Estados Unidos. Na cidade do Rio de Janeiro, fundou e hoje dirige a Federação Sul Americana de Krav Maga, a precursora do Krav Maga na América Latina, a maior organização de Krav Maga no mundo, a Federação Sul Americana de Krav Maga, referência mundial em qualidade e a precursora do Krav Maga na América Latina. Conta com representação no Brasil, México, Argentina, Portugal, Estados Unidos e Canadá, onde trabalha pela preservação da filosofia, didática e técnica do Krav Maga, tal como foi criado e ainda é aplicado em Israel.
 
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