O amplo apoio no Legislativo mineiro permitiu que Zema ousasse em projetos marcados por polêmicas. Em março, ele solicitou que a mesa diretora da Assembleia propusesse um reajuste salarial para todo o primeiro escalão do Executivo. Já com apenas 100 dias de mandato o vencimento foi reajustado em quase 298%, o primeiro após 15 anos de congelamento.
Em entrevista ao Estado de Minas, o novo líder do governo, João Magalhães (MDB), avaliou o semestre como positivo e mostra a mudança na relação de Zema com os deputados. “Ele está mais maleável e experiente. Tem o compromisso de pautar os temas e deixar votar. Hoje o ambiente é muito melhor, com toda certeza”, disse.
Já para o final do semestre, os deputados aprovaram o Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF), Projeto de Lei (PL) 767/23, um dos requisitos para que Minas Gerais possa aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), tão criticado pelos deputados da oposição, que apontam para o fato de que ele seria danoso ao funcionalismo público por permitir o congelamento de salários e carreiras.
João Magalhães afirmou que se reunirá com o Secretário de Estado, Gustavo Valadares, para organizar e discutir as próximas pautas, com o intuito de facilitar a tramitação. Para o parlamentar, a proposta de privatizar a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e a Copasa terão menos apelo, mas a proposta de conceder a Cemig à iniciativa privada será de grande discussão.
“É uma empresa grande, tem diversas manifestações públicas. Vamos esperar para ver qual vai ser a modelagem, se o governo vai entrar com o rito normal, que seria fazer o referendo, ou se ele vai buscar alterar a Constituição [estadual] para tirar essa trava. Na próxima semana a gente deve sentar e discutir sobre isso, ver qual o melhor caminho e o que será defendido por nós”, pontuou.
Para o líder de governo a privatização é um “caminho natural”. Ele defende que o estado se torne mais “enxuto” para que invista na assistência social, saúde, educação e segurança pública. O parlamentar citou os exemplos do Rio Grande do Sul e São Paulo como modelos a serem seguidos.
“Eu não vejo o Estado como um bom gestor empresarial, acho que deixa a máquina muito pesada”, declarou. Ainda segundo o deputado, a eficiência da privatização dependerá de qual modelo adotado pelo governo. “Tem que ver qual vai ser a melhor modelagem para preservar os direitos de quem já está trabalhando e não haver demissões em massa.”