28/07/2023 às 10h41min - Atualizada em 28/07/2023 às 10h41min

Negócio próprio é realidade para 40% dos moradores de favela do Rio; outros 22% pretendem empreender nos próximos 12 meses

33% dos entrevistados possuem o próprio negócio há mais de cinco anos e 58% deles decidiram empreender por necessidade

AB Notícia News
CNN
Bruno Itan/Coletivo Alemão

Cerca de 40% dos moradores de favelas do Rio de Janeiro têm negócio próprio e, entre aqueles que não têm, 22% estão com a intenção de começar a empreender nos próximos 12 meses.

É o que aponta a pesquisa realizada pelo Instituto Data Favela, que será apresentada na edição deste ano do Expo Favela Innovation Rio, que começa neste sábado (29) e vai até até segunda-feira (31).

 

O estudo foi realizado com 1.674 moradores de favelas do Rio, entre os dias 20 de junho e 5 de julho deste ano.

Segundo o levantamento, 33% dos entrevistados possuem o próprio negócio há mais de cinco anos e 58% deles decidiram empreender por necessidade, enquanto 24% por oportunidade.

 

“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, afirma fundador do Instituto Data Favela, Renato Meirelles.

O estudo mostra ainda que existem desafios, como informalidade e obtenção de crédito, que são os principais obstáculos para os empreendedores de comunidades. A maioria (57%) não tem um CNPJ formalizando a existência dos negócios. Conseguir capital para investir foi apontado como fator dificultador por 55% dos entrevistados, seguido pela gestão financeira (25%) e falta de equipamentos (24%).

Entre os entrevistados, 66% afirmam que já enfrentaram dificuldades para liberação de crédito, sendo que aproximadamente 25% nunca sequer tentou obter o recurso. Caso estivessem disponíveis, os principais investimentos realizados seriam na divulgação do negócio, compra de máquinas e equipamentos e na diversificação do portfólio de produtos e serviços.

Nos últimos 12 meses, somente 17% dos empreendedores experimentaram aumento nas vendas, 48% sentem que não houve alteração e 35% que houve diminuição. Apesar disso, a perspectiva para o futuro se mostra positiva: 73% acreditam no crescimento de suas vendas para os próximos 12 meses, e 9 de cada 10 se declaram otimistas em relação ao futuro de seu negócio.

O fluxo de negócios em favelas é responsável por R$ 208 bilhões movimentação financeira por ano.

“Quando falo que a favela não é carência, mas uma grande potência, é uma forma de corrigir o olhar recheado de compaixão equivocada e preconceito por uma região que produz e consome R$ 208 bilhões por ano. Portanto, é importante olhar a potência dessas pessoas, não apenas olhar para o que falta para elas. E a Expo Favela Innovation chegou para potencializar ainda mais. É muito importante que a Expo Favela Innovation também venha ser um lugar em que os empreendedores do asfalto se reconheçam, trazendo a oportunidade para os empreendedores da favela se conectarem com eles. Tornando-se o berço do empreendedorismo em que todos possam chamar de seu”, afirmou, em nota, Celso Athayde, idealizador do evento.

Expo Favela

Esta será a primeira edição da Expo Favela Innovation Rio. O evento é considerado a maior feira de negócios de favela do mundo e tem o objetivo de dar visibilidade para para o encontro de empreendedores e investidores que possam acelerar e gerar negócios. O evento conta com palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches de startups, mentorias, debates, cursos, entre outras atividades.

 


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