Reprodução/TV BahiaO governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, usou as redes sociais, no final da noite de segunda-feira (24), para prometer apuração da morte de Gabriel Silva da Conceição Júnior, menino de 10 anos que foi baleado em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. A família acusa a Polícia Militar de ter disparado o tiro que matou o garoto.
Jerônimo Rodrigues lamentou o caso e disse que as investigações estão sendo encaminhadas com "prioridade".
"Neste momento difícil, além de enviar meus sentimentos à família de Gabriel e a toda a comunidade de Portão, reforço meu comprometimento com a apuração dos fatos. As Polícias Civil e Técnica já estão atuando, e as investigações estão sendo encaminhadas com prioridade", escreveu o governador.
O comentário do governador aconteceu horas após amigos e familiares de Gabriel Silva da Conceição Júnior protestarem em Lauro de Freitas. Os dois sentidos da Estrada do Coco, uma das principais vidas do município, ficaram bloqueados por cerca de três horas.
A criança foi morta no domingo (23), enquanto brincava perto de casa, no bairro de Portão. Segundo testemunhas, na ocasião acontecia uma ação policial no bairro. O garoto foi enterrado na segunda, no Cemitério de Portão, momentos antes do protesto.
A manifestação começou por volta de 17h e só foi finalizada às 20h. Neste período, a circulação de veículos na Estrada do Coco foi interrompida devido a queima de galhos, pneus e outros objetos. Além disso, as vias marginais que dão acesso a outras áreas de Lauro de Freitas também foram bloqueadas.
No decorrer do protesto, alguns estabelecimentos comerciais foram fechados, inclusive uma farmácia que fica na Estrada do Coco sentido Litoral Norte. Por volta das 17h25, o grupo sentou na rodovia e cantou músicas cristãs. [Assista o vídeo acima]
A Polícia Militar acompanhou o ato. Quem passou pela região encontrou congestionamento.
A mãe do garoto, Samile Costa, contou que Gabriel estava sentado na calçada, na frente de casa, por volta das 16h, quando equipes da 52ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), chegaram na localidade, em uma viatura, disparando sem alvo específico. A mãe da criança ainda reforçou que não houve troca de tiros na região.
"Foi a polícia que entrou atirando e eu quero justiça, que eles percam a farda deles. Tiraram um pedaço de mim, o meu sonho, a minha vontade de viver. Eles tiraram todo o prazer da minha vida, destruíram", disse a mãe do garoto.
A Polícia Civil informou que o caso é investigado pelo Departamento de Polícia Metropolitana (Depom). As primeiras apurações do caso foram realizadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e a unidade territorial seguirá com a investigação.
Momentos antes da chegada dos policiais, o menino fez os dois últimos pedidos para a mãe. O primeiro foi aceito, o segundo não.
"Ele falou: 'Mãe, eu posso ficar ali sentado na calçada e a senhora daqui me vendo?'. Eu falei: 'Pode'. Perguntou também se podia brincar de bicicleta e eu disse: 'Oh filho, não, só quando a mamãe tiver aí na frente, aí você brinca", relatou a mãe do menino.
Gabriel Silva da Conceição Júnior foi levado pela família para o Hospital Menandro Faria. Na porta da unidade, familiares e vizinhos aguardaram por notícias.
Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada para fazer do garoto para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, mas o veículo ficou mais de uma hora parado, porque não tinha equipamentos básicos para fazer a transferência.
Balões de oxigênio foram levados ao local por funcionários da Prefeitura de Lauro de Freitas.
O líder comunitário de Portão, Ney Lázaro, disse que o caso não foi isolado. Ele criticou a justificativa da PM, que alega que houve troca de tiros.
"É sempre o copiar e colar: 'Cheguei, fui recebido a bala e revidei'. Essa é a justificativa da Polícia Militar, que é quem representa o Estado. A população já não aguenta mais conviver com essa triste realidade que vivemos", criticou.
O que diz a Polícia Militar
A Polícia Militar informou, em nota, que uma equipe da 52ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) fazia patrulhamento na localidade quando encontrou um homem em "atitude suspeita".
Segundo a PM, o homem e comparsas atiraram na direção dos policiais, que revidaram com o apoio de equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) das Rondas Especiais (Rondesp) da Região Metropolitana de Salvador (RMS).
De acordo com a Polícia Militar, o policiamento foi reforçado na região. Em seguida, os policiais foram informados que Gabriel Silva foi baleado e levado para o Hospital Menandro de Farias. A PM informou ainda que as causas da morte do garoto serão investigadas pela Polícia Civil.
