13/07/2023 às 08h35min - Atualizada em 13/07/2023 às 08h35min

Brasil aposta em cúpula amazônica para aproximar Maduro da região

Com ausência de presidentes de Uruguai e Paraguai, os críticos regionais mais contundentes do chavista, governo vê oportunidade para incorporar venezuelano na integração sul-americana

AB Notícia News
O Globo
Brenno Carvalho/Agência O Globo
Depois da tensão causada pela presença do presidente da VenezuelaNicolás Maduro, na cúpula de chefes de Estado sul-americanos realizada em Brasília no final de maio, o governo brasileiro trabalha com uma agenda ambiciosa para a cúpula de países amazônicos, no dia 8 de agosto, em Belém, na qual também é esperada a presença do venezuelano. Na visão de fontes do governo Lula, a relevância do encontro e tudo o que nele será discutido — e está sendo preparado a todo vapor pelos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) — criarão um ambiente menos hostil para Maduro, o que poderia facilitar a reaproximação de seu governo com os vizinhos.
 

Apesar das críticas e do custo político que Lula está pagando por sua posição favorável a Maduro, o governo está firme na decisão de não apenas recompor a relação com o chavista, mas também promover uma retomada da integração sul-americana. Na ausência dos críticos mais acirrados do líder chavista — como o uruguaio Luis Lacalle Pou e o paraguaio Mario Abdo Benítez — a cúpula de Belém será, na visão de fontes governistas, uma oportunidade de normalizar a convivência de Maduro com pelo menos parte da região.

 

Declaração conjunta

 

Os presidentes dos oito países que integram a OTCA (Brasil, Venezuela, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Guiana e Suriname) estarão em Belém, e seus governos estão trabalhando — segundo fontes brasileiras, sem estresse — na elaboração de uma grande declaração, que pretende ser o ponto de partida de um processo de integração regional considerado histórico e fundamental pelo Brasil. O Planalto e o Itamaraty elaboraram uma proposta de declaração, que está sendo avaliada pelos outros sete países, e a discussão, que só deverá terminar na sede da cúpula, poucos dias antes do encontro, inclui uma enorme lista de temas, entre eles mudanças climáticas, segurança alimentar e nutricional, cooperação policial e de inteligência, o fortalecimento da OTCA (que será a peça institucional do processo de integração), cidades amazônicas e desmatamento — não apenas ilegal.

Os pontos da declaração foram conversados pelos presidentes Lula e Gustavo Petro, da Colômbia, em encontro realizado no fim de semana passado na cidade colombiana de Leticia, na fronteira com o Brasil. A reunião foi realizada a pedido dos colombianos, numa bilateral entre os dois chefes de Estado, após a cúpula sul-americana. Em Bogotá, existia a expectativa de que a cúpula amazônica fosse convocada por ambos os países, juntos. Mas Lula já havia antecipado a iniciativa na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP) realizada no ano passado no Egito. Superado um clima de mal-estar por parte dos colombianos, confirmado por fontes do governo Petro, os dois presidentes conversaram em Leticia e, segundo fontes dos dois governos, metade da declaração de Belém já está pronta. Falta a outra metade, e todas as emendas que deverão ser incorporadas a pedido dos outros seis membros.
 

Apesar do afastamento do Brasil de Jair Bolsonaro da Venezuela de Maduro, o governo chavista nunca saiu da OTCA, único organismo multilateral com sede no Brasil, e participou de decisões técnicas.

— Nos últimos anos, avançamos muito. Temos diversos programas sobre biodiversidade, florestas, inclusive um projeto de mapeamento dos aquíferos de toda a região amazônica, entre muitos outros — explica o embaixador Carlos Alfredo Lazary Teixeira, diretor da organização.


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