09/07/2023 às 10h06min - Atualizada em 09/07/2023 às 10h06min

Como rápida ascensão do Brasil pode desbancar EUA como maior exportador de milho do mundo

Economistas dizem, porém, que a ascensão do Brasil não deve ter grande impacto no dia a dia dos americanos - a agricultura não tem o mesmo peso econômico de décadas atrás.

AB Notícia News
g1
BBC

Nas planícies dos Estados Unidos conhecidas como Cinturão do Milho, os agricultores passam seus dias e noites nutrindo, cuidando e rezando pelo bem-estar desse alimento comum, mas globalmente significativo.

Scott Haerr, que colhe mais de 1,6 mil hectares todos os anos (uma área que corresponde mais de 1,5 mil campos de futebol), é um deles.

Dentro de um enorme silo em sua fazenda no oeste de Ohio, o agricultor de terceira geração examina os grãos de milho da colheita do ano passado.

 

"É um milho muito bom", diz ele, peneirando um punhado.

 

Mas, embora a qualidade da colheita do ano passado possa ter sido boa, a quantidade produzida pelos agricultores americanos não foi.

 

O aumento dos preços de fertilizantes e combustíveis fez com que o número de hectares plantados caísse significativamente em relação a 2021.

Além disso, uma seca nas planícies ocidentais alimentou um aumento no preço do milho americano no mercado internacional.

"Tivemos uma safra reduzida por causa do clima e o rio Mississippi secando no outono passado e no início do inverno, o que retardou muito nossas exportações", diz Haerr.

"Por causa disso, o preço do milho subiu, o que nos tornou menos competitivos."

 

O trabalho árduo e a experiência tecnológica dos agricultores americanos cimentaram seu lugar no topo das exportações de milho.

 

Todos os anos, dezenas de milhões de toneladas são enviadas dos EUA para mais de 60 países em todo o mundo.

Mas seu status de superpotência do milho pode estar chegando ao fim.

Os compradores na China - país que é o maior importador mundial de milho - estão cancelando pedidos dos Estados Unidos, em grande parte porque existem alternativas mais baratas em outros lugares.

Em janeiro, as vendas de milho dos Estados Unidos para a China ficaram 70% abaixo dos níveis dos anos anteriores.

E em maio, a China começou a comprar milho sul-africano pela primeira vez. É uma tendência preocupante para os agricultores dos EUA.

De fato, depois de décadas no topo, está prestes a ser ultrapassado como o maior exportador mundial da safra - e o Brasil está na briga para tomar sua posição.

 

A ascensão do Brasil

 

Em análise divulgada no site da Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o professor Lucílio Alves aponta que o Brasil deve embarcar volume de milho equivalente ao dos Estados Unidos na safra de 2022/23.

Serão 51 milhões de toneladas entre outubro de 2022 e setembro de 2023, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgadas em fevereiro.

 

"Esse cenário pode ser verificado pela primeira vez para os exportadores brasileiros", apontou Alves.

 

Nos Estados Unidos, não é apenas a China que está se distanciando do milho produzido no país.

As exportações para todos os países, exceto a China, estavam em seu segundo menor nível em duas décadas, conforme noticiou a agência Reuters.

México, que compra cerca de US$ 5 bilhões (R$ 24,6 bilhões) em milho dos Estados Unidos todos os anos, está se preparando para limitar as importações da variedade geneticamente modificada, uma grande quantidade da qual vem de seu vizinho do norte.

Enquanto isso, no Brasil, agricultores têm convertido faixas de terra agrícola de pastagens para campos de milho nos últimos anos, dizem especialistas.

A vantagem adicional do Brasil é que seus agricultores podem colher não só uma, mas duas safras de milho por ano.

 

 


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