05/07/2023 às 15h32min - Atualizada em 05/07/2023 às 15h32min

Novo Ensino Médio: secretários de educação defendem carga horária menor para matérias optativas

Diante da críticas ao novo modelo, o MEC abriu uma consulta pública com a promessa de apresentar uma solução ao final das discussões. O prazo termina nesta semana.

AB Notícia News
g1
Reprodução/MEC

Os secretários estaduais de educação fecharam uma proposta com mudanças no Novo Ensino Médio que foi entregue nesta segunda-feira (3) ao Ministério da Educação (MEC). Um dos pontos defendidos é a possibilidade de reduzir a carga horária das disciplinas optativas e aumentar as matérias básicas obrigatórias.

O que está em jogo: Em vigor há 2 anos, o novo modelo tem sido alvo de críticasAlguns grupos defendem a sua revogação completa enquanto outros pedem apenas ajustes. Diante da pressão, o MEC abriu uma consulta pública com a promessa de apresentar uma solução ao final das discussões. O prazo, que já foi prorrogado, termina na quinta-feira (6).

 

Nos bastidores, porém, entidades têm reclamado de que não têm sido ouvidas pelo governo. Questionado pelo g1, o MEC não se pronunciou sobre as críticas.

A estratégia do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) ao entregar o documento é tornar pública a sua posição em relação ao modelo.

 

O que propõem as secretarias

 

O documento elaborado pelo Consed foi construído com a participação de secretários e técnicos das redes estaduais.

Entre as principais alterações propostas pelo conselho estão:

 

  1. Redução da carga horária das optativas: A possibilidade de usar 300 horas das 1.200 horas das disciplinas optativas (chamadas de itinerários formativos) de acordo com as necessidades dos estados, podendo ser utilizadas, por exemplo, para complementação da formação geral ou recomposição das aprendizagens.
  2. Elaboração de uma base comum para as optativas: A definição de uma base para os Itinerários Formativos para diminuir a desigualdade na oferta dessas disciplinas entre as diferentes redes de ensino pelo país.

 

A posição dos secretários é importante porque o ensino médio é de responsabilidade dos governos estaduais. Então, qualquer que seja a mudança aprovada no nível de ensino, serão as secretarias estaduais as principais responsáveis pela implementação.

Segundo o Consed, do total de 7,9 milhões de matrículas de ensino médio registradas pelo Censo Escolar 2022, as secretarias estaduais de Educação são responsáveis por 84,2%, atendendo a 6,6 milhões de alunos.

 

 

Críticas

 

Nos últimos meses, o MEC tem promovido encontros com profissionais da área de educação, especialistas e setores organizados da sociedade para discutir o Novo Ensino Médio.

No entanto, entidades afirmam que seus posicionamentos não têm sido levados em conta.

 

"O MEC chamou as entidades para elaborar um relatório em conjunto, mas não é o que está acontecendo. Eles querem elaborar o relatório [que vai guiar as mudanças do ensino médio] e quer que as entidades assinem, mas não tem o dedo delas no texto", disse o representante de uma das entidades que participam da discussão.

 

Segundo ele, "o documento do MEC não está seguindo o que está sendo discutido e não está sendo preparado com o apoio das entidades".

 

Revogação x ajustes

 

Quem pede a revogação do Novo Ensino Médio argumenta que as mudanças no currículo ampliam ainda mais a desigualdade no acesso ao ensino superior entre os alunos da rede pública e os da particular porque:

 

  • Há escolas públicas sem infraestrutura para manter o novo formato, como salas de aula em número insuficiente para comportar a oferta de novas disciplinas.
  • As disciplinas clássicas têm menos prioridade na grade com a entrada das novas ofertas. Em alguns casos, estudantes relatam ter ficado com apenas duas aulas na semana de português e matemática.

 

 

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) é uma das entidades que defendem a sua revogação. Em um relatório elaborado a partir de seminários realizados sobre o tema e pesquisas acadêmicas na área, a associação afirma que a reforma amplia e produz desigualdades entre as redes.

Um dos pontos levantados pela entidade é a quantidade de municípios com uma única escola no país, o que inviabiliza a oferta e escolha de itinerários formativos.

Quem defende apenas ajustes, como o MEC e o Consed, afirma que o objetivo é tornar essa etapa do ensino mais atrativa para os estudantes, mas reconhece a necessidade de melhorias no Novo Ensino Médio, mas avalia que a revogação não é o caminho.

Para os secretários estaduais de ensino, a revogação é "completamente inviável" porque a reforma já está implementada "em praticamente todos os estados" e seria "insensato pensar em descartar todo esse esforço técnico e financeiro despendido pelas redes estaduais ao longo dos últimos anos".

Essa opinião é compartilhada também pela Maria Helena Guimarães de Castro, ex-presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), que é favorável à proposta apresentada do Consed ao MEC.

Os estados investiram muito tempo e recursos financeiros e humanos no Novo Ensino Médio. [Revogar o formato] seria uma falta de consideração e de respeito com todas as unidades da Federação e as escolas públicas e particulares que se dedicaram intensamente para organizar uma nova proposta curricular.


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