26/06/2023 às 08h31min - Atualizada em 26/06/2023 às 08h31min

É preciso cortar gastos ou elevar impostos para conter inflação, afirma BIS

Relatório anual do banco central dos BCs alerta que taxas de juros terão de permanecer elevadas por mais tempo que o previsto, mas isso não bastará para combater a alta dos preços

AB Notícia News
O Globo
Yuichi Yamazaki

O Banco de Compensações Internacionais (BIS, pela sigla em inglês), o banco central dos BCs, recomendou, em seu relatório anual, que os governos aumentem os impostos ou cortem gastos públicos para "acalmar a inflação", avaliando que apenas o aperto monetário não basta. As medidas seriam necessárias depois de um longo período com taxas de juros baixas, em decorrência da pandemia.

“Apesar do maior aperto monetário da história recente, a última etapa da jornada para restaurar a estabilidade dos preços será a mais difícil", afirmou a organização sediada na Basileia em seu relatório, publicado neste domingo. "As taxas de juros podem ter de permanecer altas por mais tempo do que cidadãos e investidores esperavam.”

O gerente-geral do BIS, Agustín Carstens, afirma no relatório que "nos anos vindouros, as economias terão de depender de reformas em oferta e demanda, mais do que de estímulos monetários e fiscais, para manter o crescimento sustentável."

O risco de uma recessão no Reino Unido, no entanto, já preocupa. Por isso, o BIS defendeu que impostos mais altos e gastos menores podem “conter os riscos de instabilidade financeira", reduzindo a necessidade de novas altas de juros.

Em um contexto de preços mais altos, tanto no varejo como nas hipotecas, é pouco provável que os parlamentares apoiem medidas impopulares, como o aumento dos impostos. Pelo contrário: a redução dos tributos pagos pelos contribuintes é defendida por muitos políticos.

 

'Efeito devastador'

 

Mesmo que a inflação esteja desacelerando em muitos países, não atingiu ainda o ponto esperado por economistas. Se a alta de preços não for controlada, segundo o BIS, há sério risco de uma crise prolongada: “Quanto mais tempo a inflação persistir, maior a probabilidade de ela se consolidar e maiores os custos de eliminá-la”, afirmou a instituição.

Para o BIS, o mercado de trabalho aquecido e serviços mais caros por um período longo podem criar “risco material de que uma psicologia inflacionária se instale", em que os aumentos de salários e preços se reforcem mutuamente.

Depois de uma pausa do Federal Reserve no ciclo de alta de juros, o presidente do BC americano, Jerome Powell, sugeriu que mais um ou dois aumentos da taxa podem ser necessários. E, na última quinta-feira, o Banco da Inglaterra e o BC da Noruega reaceleraram seu ritmo de aperto, para 0,50 ponto percentual.

“A economia global está em um momento crítico. Há chance de conseguirmos um pouso suave, mas temos que enfrentar os riscos”, afirmou Carstens.


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