25/06/2023 às 09h11min - Atualizada em 25/06/2023 às 09h11min

Como fundador do grupo Wagner foi de chef de Putin a fornecedor de mercenários para guerra

Um dos principais personagens da invasão russa à Ucrânia voltou ao noticiário esta semana ao anunciar tomada de cidade.

AB Notícia News
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Getty Images via BBC

Um dos principais personagens da invasão russa à Ucrânia é Yevgeny Prigozhin, que comanda o exército privado de mercenários Wagner, e agora se mobiliza contra o governo russo, de quem foi próximo por anos.

Durante meses, o nome de Prigozhin foi associado ao papel cada vez mais central que seu grupo mercenário está desempenhando na guerra na Ucrânia.

Ele recrutou milhares de criminosos para o seu grupo nas prisões da Rússia. Não importa quão graves sejam os crimes dos condenados, desde que eles concordem em lutar na Ucrânia.

Antes de a Rússia iniciar o que se tornou o pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, Prigozhin foi acusado de se intrometer nas eleições americanas e de expandir a influência russa na África.

 

Após uma amarga troca de acusações, o grupo Wagner e a liderança do Ministério da Defesa da Rússia romperam relações e o Kremlin agora o acusa de "rebelião".

Prigozhin acusou o ministério de bombardear seus acampamentos na retaguarda. Agora, Putin o classificou como um "traidor".

 

Quem é Yevgeny Prigozhin

 

Yevgeny Prigozhin é de São Petersburgo, cidade natal de Vladimir Putin.

Ele recebeu sua primeira condenação criminal em 1979, com apenas 18 anos, e teve uma pena suspensa de dois anos e meio por roubo. Dois anos depois, ele foi condenado a 13 anos de prisão por roubo e furto, nove dos quais cumpriu atrás das grades.

Após ser solto, Prigozhin montou uma rede de barracas que vendiam cachorro-quente em São Petersburgo. Ele se deu bem nos negócios e em poucos anos — ao longo da década de 1990, de transição das leis na Rússia — Prigozhin conseguiu abrir restaurantes caros na cidade.

 

Foi lá que ele começou a ter contato com as pessoas mais poderosas de São Petersburgo e, depois, da Rússia. Um de seus restaurantes, o New Island, era um barco que navegava pelo rio Neva. Vladimir Putin gostava tanto do restaurante que — depois de se tornar presidente — começou a levar seus convidados estrangeiros para comer lá. E foi provavelmente assim que os dois se conheceram.

 

"Vladimir Putin... percebeu que eu não tinha nenhum problema em servir pessoalmente a chefes de Estado", disse Prigozhin em uma entrevista. "Nós nos conhecemos quando ele veio com o primeiro-ministro japonês, Yoshiro Mori."

 

Mori visitou São Petersburgo em abril de 2000, no início do governo de Vladimir Putin.

Em 2003, Putin já confiava em Prigozhin o suficiente para comemorar seu aniversário no New Island.

Anos depois, a empresa de catering de Prigozhin, a Concord, foi contratada para fornecer comida ao Kremlin, o que lhe valeu o apelido de "chef de Putin". As empresas ligadas à Prigozhin também ganharam contratos estatais para fornecer comida a escolas militares e estatais.

 

Wagner

 

Mas foi depois da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2014 que começaram a surgir sinais de que Prigozhin não era um empresário comum. Uma empresa militar privada obscura supostamente ligada a ele estava combatendo forças ucranianas na região leste de Donbass.

 

O grupo é conhecido como Wagner, que era o codinome de um de seus principais comandantes iniciais. Esse comandante era fascinado com a Alemanha nazista, que usava as obras do compositor do século 19 em sua propaganda.

Ironicamente, a "desnazificação" da Ucrânia é um dos principais objetivos declarados da invasão em grande escala do presidente Putin à Ucrânia, lançada em fevereiro do ano passado.

Além da Ucrânia, o Wagner atua na África e em outras regiões ajudando a promover a agenda do Kremlin — desde apoiar o regime de Bashar al-Assad na Síria até combater a influência francesa no Mali.

Com o tempo, o grupo mercenário ganhou uma reputação assustadora de brutalidade.

Os membros do Wagner foram acusados de torturar um preso sírio com uma marreta, decapitá-lo e incendiar seu corpo em 2017.

No ano seguinte, três jornalistas russos foram mortos enquanto investigavam a presença do Wagner na República Centro-Africana.

Em 2022, Wagner foi novamente acusado de matar um homem com uma marreta, por suspeitas de que ele havia "traído" o grupo na Ucrânia.

Na época, Prigozhin disse que as imagens não verificadas do assassinato brutal como "a morte de um cachorro por outro". Depois que membros do Parlamento Europeu pediram que o Wagner fosse designado como um grupo terrorista, ele disse ter enviado aos políticos uma marreta manchada de sangue.

 

 

 


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