23/06/2023 às 13h15min - Atualizada em 23/06/2023 às 13h15min

Lula chama de 'ameaça' exigências da União Europeia para acordo com o Mercosul

Presidente deu a declaração ao lado de Macron, na Cúpula sobre Pacto Financeiro Global de Paris. Negociação está em revisão; europeus fizeram novas exigências antes da assinatura final.

AB Notícia News
g1
TV Brasil/Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta sexta-feira (23) como uma "ameaça" as exigências da União Europeia para a finalização do acordo do bloco com o Mercosul.

O petista deu as declarações durante a Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, na França. Ele discursou sentado ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron.

No pronunciamento, Lula se referiu a dispositivos que preveem sanções, consideradas "duras" pelo governo brasileiro, em caso de descumprimento de obrigações por parte dos países participantes do acordo.

 

"Eu estou doido para fazer um acordo com a União Europeia. Mas não é possível, a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, e vamos mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que nós temos uma parceira estratégica, e haja uma carta adicional que faça ameaça a um parceiro estratégico", afirmou o presidente.

 

 

O acordo entre os dois blocos é negociado desde 1999. Em 2019, foram finalizadas as negociações comerciais e, em 2021, as relacionadas a aspectos políticos e de cooperação.

Desde então, o acordo está em fase de revisão, para ser feita a assinatura, e a política ambiental da gestão Jair Bolsonaro (PL), que resultou na alta do desmatamento, dificultou a negociação.

A União Europeia enviou ao Mercosul um documento com "instrumentos adicionais" a serem acrescentados no acordo. São esses instrumentos adicionais que Lula classificou como ameaça.

 

Moeda para comércio entre países

 

No discurso, em que também abordou a desigualdade e a fome, Lula voltou a defender a criação de uma moeda alternativa para que os países envolvidos em uma transação comercial sem a participação dos Estados Unidos não precisem depender do dólar.

Ele citou especificamente as relações comerciais do Brasil com a Argentina e com a China, dois dos maiores parceiros brasileiros no mundo.

"Tem gente que se assusta quando eu falo que é preciso criar novas moedas em novos comércios. Não sei porque o Brasil e a Argentina tem que fazer comércio em dólar, porque a gente não pode fazer nas nossas moedas. Eu não sei porque porque o Brasil e a China não pode fazer nas nossas moedas, porque que eu tenho que comprar dólar", afirmou o petista.

 

O estabelecimento de uma moeda comum entre Brasil e Argentina, por exemplo, é criticado por especialistas, que veem na medida a possibilidade de aumento da inflação, diante das condições econômicas do vizinho.

O presidente brasileiro disse que a discussão sobre o tema está na sua pauta de prioridades. E que isso deverá ser tratado na próxima reunião dos BRICS – grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – prevista para o segundo semestre.

O petista também disse que levará o assunto para o próximo encontro do G20, que reúne os países com economias mais desenvolvidas.

 

3ª viagem à Europa

 

Lula está em Paris desde esta quinta-feira (22), após dois dias de agendas em Roma e no Vaticano, onde encontrou o Papa Francisco e os principais líderes políticos da Itália. Esta é a terceira viagem do petista à Europa neste terceiro mandato como presidente.

Na capital francesa, o presidente participou do evento "Power Our Planet", no Campo de Marte, e destacou a importância de preservar a floresta amazônica.

O presidente afirmou que os países que fizeram a revolução industrial, grandes potências da Europa, têm uma "dívida histórica", já que poluíram o planeta.

Para Lula, cabe a esses países financiarem ações de preservação ambiental em nações em desenvolvimento, a exemplo do Brasil.


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