08/06/2023 às 09h17min - Atualizada em 08/06/2023 às 09h17min

CPI pede afastamento de secretário de Saúde

Comissão apura conduta da Vigilância Sanitária no processo de alvará para clínica de estética onde paciente morreu

AB Notícia News
Estado de Minas
Divulgação/Câmara de Divinópolis
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada para apurar a conduta da vigilância sanitária no processo de liberação de alvará da clínica de estética Lorena Marcondes, em Divinópolis, aprovou por unanimidade, nessa segunda-feira (5/6), o pedido de afastamento do secretário de Saúde da cidade da região Centro-Oeste de MInas, Alan Rodrigo. Os vereadores alegam interferência nas investigações.
 
O requerimento foi apresentado pelo também autor da CPI, o vereador Flávio Marra (Patriota). O parlamentar alegou que o secretário instaurou uma sindicância interna paralela à comissão. “Ele está interferindo de forma direta nos andamentos do nosso trabalho”, afirmou. A decisão de afastar ou não fica a cargo do prefeito Gleidson Azevedo (PSC). 

 
A abertura da sindicância foi determinada pela vice-prefeita Janete Aparecida (PSC) em 11 de maio. Na mesma data, a portaria assinada foi assinada pelo secretário de Saúde. Ela prevê o prazo de 15 dias para conclusão dos trabalhos, prorrogáveis por igual período. O relatório não foi finalizado
 

Morte de paciente

 
A CPI foi instaurada em 18 de maio, motivada pela morte de uma paciente, de 46 anos. Íris Nascimento sofreu parada cardiorrespiratória durante procedimento estético no dia 8 do mesmo mês.
 
As investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apontam, inicialmente, que a mulher foi submetida a lipoaspiração ou lipoescultura, além de enxerto nas nádegas. Os procedimentos podem ser realizados apenas por médicos habilitados. O delegado Marcelo Nunes fala em homicídio doloso com dolo eventual.
 
A clínica estava com o alvará vencido desde outubro do ano passado e não tinha permissão para procedimentos considerados invasivos. Em 2021, ela foi interditada depois de os fiscais constatarem a presença de materiais e manuais para a realização de procedimentos cirúrgicos, como otoplastia e rinoplastia.
 

Oitivas

 
As primeiras oitivas da CPI foram realizadas também nessa segunda-feira. Ao serem ouvidos, os fiscais José Anastácio de Paula Júnior e Ricardo Soares negaram interferências políticas no processo de emissão de alvará e alegaram que seguiram as normativas.
 
Eles estiveram, pelo menos, cinco vezes na clínica para inspeção entre outubro do ano passado e o dia 8 de maio. Os dois afirmaram que, até o dia da morte da paciente, não foram constatadas irregularidades que justificassem a interdição. Não foram encontrados equipamentos nem produtos irregulares ou ilegais.
 
Eles também chegaram a vitoriar alguns prontuários de pacientes, e todos, segundo os fiscais, estavam em conformidade com a legislação. Disseram ainda que a clínica cumpriu todas as exigências documentais que permitiam a liberação do alvará. Entretanto, mediante a denúncia envolvendo um modelo e a negativa da biomédica em fornecer o prontuário dele para verificação dos fatos, decidiram, então, não liberar o documento.
 
Eduardo Luiz Santos denunciou a biomédica ao ficar com a boca deformada após se submeter a procedimento estético. O caso está na Justiça.
 

“Sem alvará”

 
Também foi ouvido o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Divinópolis (Sintram), Marco Aurélio Gomes. Ele voltou a dizer que não houve pedido, via protocolo geral da prefeitura, para emissão de alvará sanitário para a clínica Lorena Marcondes, e que, portanto, ela nunca teve o documento.
 
A declaração foi negada pela diretora de Vigilância em Saúde. Em nota, o órgão informou que a clínica protocolou pedido para liberação do alvará no dia 8 de julho de 2021, um dia após ter o projeto arquitetônico aprovado. Ele foi deferido no dia 13 de outubro com validade por um ano. 
 
A clínica também foi beneficiada pela Licença Prévia Facilitada que substitui o Alvará de Localização. A prefeitura alega que há outros 3,2 mil estabelecimentos, incluindo de saúde, na mesma situação.  
 
A licença é concedida para empreendimentos que funcionam em edificações que necessitam de adequações de acessibilidade.
 
Embora a clínica funcione em um prédio novo, ele não possui, segundo a prefeitura, certidão de acessibilidade atestada por profissional habilitado, dando a ela, desta forma, o direito ao benefício previsto em lei.
 
Sobre o pedido de afastamento, a prefeitura informou que ainda não foi oficializado.


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