CNI/José Paulo LacerdaOs investimentos em máquinas e equipamentos no Brasil continuam em desaceleração. No mês de abril houve uma queda de 19,2% no setor, ampliando de - 5,2% para - 6,5% o acumulado do ano de 2023. As receitas líquidas reduziram em 10,5% se comparadas ao mesmo mês de 2022, representando o 11° resultado negativo em relação ao ano passado. Os dados foram apresentados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nesta quarta-feira (31), durante a divulgação do desempenho do setor no mês de abril.
Segundo Cristina Zanella, gerente de Economia e Estatística da Abimaq, a desaceleração do consumo aparente, que consequentemente afeta o setor de máquinas, está relacionada à política monetária. “Já há evidências de que poderíamos reduzir a taxa de juros. Só essa sinalização já ajudaria nos investimentos nas empresas”, explica.
O desempenho negativo de abril se deu após um breve sinal positivo do setor, com um crescimento de 25,5% (4,1% com ajuste sazonal) no mês de março, em comparação com fevereiro. “O que puxou o mês de março, foram as exportações. Nos últimos meses eram US$ 1 bi e em março foi 1,2 bi. Aumentou a receita”, explica Zanella.
As vendas também tiveram desempenho negativo no último mês, tanto no mercado doméstico (17,7%) quanto no externo (23,9%), em relação a março. Por sua vez, em comparação a abril de 2022, as exportações tiveram desempenho superior a 8,3%, enquanto as vendas no mercado doméstico encolheram 14,7%.
Segundo a Abimaq, a piora nas receitas de 2023 teve origem no mercado nacional. O desempenho entre janeiro e abril foi 11,9% inferior ao do ano passado. Já as exportações, tiveram 15,2% de crescimento em comparação a 2022.
De uma forma geral, os dados de exportações do setor são positivos. Houve uma queda de 20,8% no mês de abril, mas o setor exportou US$ 982 milhões, 9,5% acima do valor exportado em abril de 2022. No ano, até abril, a indústria acumulou crescimento de 23,4% nas exportações.
Houve uma retomada das vendas para América do Sul e está crescendo o volume para as principais regiões, como América do Norte (+24,5%) e Europa (19,9%).
Destaque ainda para o resultado do setor fabricante de máquinas para logística e construção civil, que representa pouco mais de 30% do total exportado do setor (31%) e que registrou crescimento de 30,7% sobre o resultado de 2022.
Outro segmento com resultado importante foi o fabricante de equipamentos para extração de petróleo, que registrou crescimento de 177,6%, passando a representar 10,7% do total das exportações de máquinas e equipamentos.
Cristina Zanella diz que as expectativas são de melhora no segundo semestre, para compensar a queda atual e trazer um resultado para um desempenho equivalente a 2022. “Tem que ter um crescimento importante aí. No ano passado, fechamos com R$ 90 bi de faturamento. Até agora, já foram R$ 22 bi de faturamento. Tem muitos investimentos represados. Estamos na expectativa de que os recursos que estão vindo liberem este represamento e encerre o ano com estabilidade das vendas”, afirma.
