17/05/2023 às 08h47min - Atualizada em 17/05/2023 às 08h47min

PF afirma que mensagens em celulares de aliados de Bolsonaro indicam plano de golpe, diz jornal

Investigadores apuraram que foi articulado incitar ataques ao STF, hostilizar urnas eletrônicas e também prender Moraes

AB Notícia News
Terra
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Áudios e mensagens de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) identificados pela Polícia Federal evidenciam articulação sobre um plano de golpe de Estado, segundo investigações da corporação. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo

Segundo a reportagem, investigadores apuraram que foi articulado incitar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), hostilizar urnas eletrônicas, convencer a cúpula do Exército a rejeitar o resultado das eleições de 2022 e também prender o ministro Alexandre de Moraes.

 

Em um dos trechos do relatório da PF obtido por O Globo, os investigadores afirmam que: “[Os diálogos] deixam evidente a articulação conduzida por Ailton Barros e outros militares, para materializar o plano de tentativa de golpe de Estado no Brasil, em decorrência da não aceitação do resultado da eleição presidencial ocorrida em 2022, visando manter no Poder o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e restringir o exercício do Poder Judiciário brasileiro, por meio da prisão do Ministro Alexandre de Moraes, do STF”. 

A PF teve essa conclusão após analisar áudios e prints encontrados nos arquivos de um celular de Barros durante uma investigação envolvendo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro - referente a possíveis fraudes em carteiras de vacinação. 

Dentre as mensagens obtidas pelos investigadores e apresentadas no relatório, estão dois prints de uma conversa entre Barros e um contato chamado "PR 01",  que a polícia aponta ser "possivelmente relacionado a Bolsonaro".

Segundo o jornal divulgou, essas imagens citadas pela polícia foram deletadas e, em seguida, enviadas a Cid. A primeira é sobre a intenção de grupos organizadores dos atos de 7 de setembro de 2021 de acamparem em Brasília 31 de março, data do golpe de 1964. O objetivo, segundo divulgado por O Globo, era de pressionar os ministros do STF a "saírem de suas cadeiras". Não é possível saber se Cid respondeu.

Já a segunda sugeria acrescentar nesses movimentos temas de interesse de Bolsonaro como a defesa do impeachment de Moraes e o ataque às urnas. 

Para a PF, há fortes indícios de que Barros, além de ter proximidade com Cid, tinha também contato direto com Bolsonaro e se "dispôs a incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas do interesse do ex-presidente da República". Ao jornal, o advogado Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, negou que Bolsonaro e Barros tinham proximidade. Bolsonaro, no entanto, já o chamou publicamente de ‘segundo irmão’.

Outras mensagens 

O jornal O Globo ainda revelou que a PF também apontou dois áudios encontrados no celular de Barros e registrados em 15 de dezembro de 2022. Os arquivos são atribuídos a um militar da reserva ainda não identificado. "Combatente, nós estamos no limite longo da ZL (zona limite). Daqui a pouco não tem mais como lançar. Vamos dar passagem perdida, e aí é perdida para sempre. Você entende que eu tô falando (...) Tão há 40 e poucos dias, entendeu, até o Braga Neto veio aqui conversar com eles, que nem eu falei, tirou foto", diz a pessoa na gravação.

Segundo a PF, o termo “limite longo da ZL” significa para os militares "o prazo máximo, a zona limite (ZL)", enquanto “deu passagem perdida” seria referente a uma operação frustrada. "No caso, possivelmente, o interlocutor está alertando que o prazo para implementação do Golpe de Estado e decretação do ato de 'Garantia da Lei e da Ordem' estava se esvaindo, com a proximidade da data da posse do novo Presidente da República eleito", disseram os investigadores.

Ao analisar outro áudio, também de 15 de dezembro no celular de Barros, a PF afirmou que "[o arquivo] deixa claro que a 'operação especial que teria que ser executada', na verdade, foi um codinome para a execução de um golpe de Estado". 

Trama de usar 1,5 mil militares em golpe

Conforme já revelado pela CNN Brasil, áudios também mostraram que Ailton Barros e o coronel Elcio Franco, que foi secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, debateram possibilidades para um golpe de Estado, logo após Bolsonaro perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O esquema incluía a mobilização de 1.500 militares

Franco, considerado o ex-número 2 do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, estaria no centro da trama golpista. Ele sabia do caso, e sugeriu mobilizar 1,5 mil homens do exército para conseguir o feito. Em conversa com o ex-major Ailton, revelou o medo do então comandante do Exército, Freire Gomes, de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe.


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