26/04/2023 às 08h52min - Atualizada em 26/04/2023 às 08h52min

Entenda o caso Lucas Terra: adolescente foi morto em Salvador e acusados são julgados 22 anos após o crime

Julgamento foi iniciado na terça-feira (25) e o g1 listou as principais informações acerca do crime que aconteceu em 2001.

AB Notícia News
G1
Reprodução/TV Bahia

Em 2001, o homicídio do adolescente Lucas Terra chocou a Bahia. O menino de 14 anos foi queimado vivo e o corpo dele foi encontrado em um terreno baldio de Salvador. Os acusados de cometer o crime são três pastores da igreja que o menino frequentava.

Após 22 anos de espera, o júri popular foi iniciado na terça-feira (25) na capital baiana. Durante os quatro dias de julgamento, 15 testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas. Ao final, as duas mulheres e cinco homens que compõem o júri decidirão pela condenação ou pela absolvição dos réus.

 

g1 listou as principais informações sobre os pastores acusados, a motivação do crime e os trâmites para que o julgamento fosse realizado. Confira:

 

Quem são os acusados?

 

Três pastores foram acusados de matar o adolescente: Silvio Galiza, Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva.

Galiza foi o primeiro apontado como suspeito e foi julgado e condenado em 2004, cerca de três anos e três meses após o crime.

Em 2006, Galiza denunciou os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva por envolvimento no crime. Os pastores esperaram o julgamento em liberdade e continuaram a frente de igrejas no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

O julgamento dois dois acontece em 2023, mais de duas décadas após o assassinato de Lucas Terra.

 

Os pastores são acusados por quais crimes?

 

Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva são acusados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os três agravantes para o homicídio são: o motivo torpe, o emprego do meio cruel e a impossibilidade de defesa da vítima.

 

Como Lucas foi morto?

 

Os laudos da polícia apontam que Lucas Terra foi queimado vivo, após ter sido colocado dentro de uma caixa de madeira.

Também há denúncias de que o adolescente foi estuprado antes de ser assassinado, mas na época o Departamento de Polícia Técnica (DPT) não constatou o estupro nos exames de necropsia.

No primeiro dia do julgamento, na terça-feira (24), um dos advogados da família de Lucas Terra, Ricardo Sampaio, disse à TV Bahia que a acusação tem provas de que o estupro foi cometido e vai apresentá-las para o júri.

 

Qual foi a motivação do crime?

 

Também em 2006, em depoimento à polícia, Galiza contou que Lucas foi morto porque flagrou os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva tendo relações sexuais dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus.

 

Qual foi a última vez que Lucas foi visto?

 

No livro "Lucas Terra - Traído pela Obediência" , escrito por Carlos Terra, pai da vítima, é relatado que o menino saiu para um culto noturno. Por volta das 23h, ele ligou para casa e avisou ao pai que estava com o pastor Silvio Galiza.

Essa foi a última informação que Carlos Terra disse ter recebido e, depois disso, o adolescente não retornou para casa.

 

Como o corpo foi encontrado?

 

Após o desaparecimento, a família de Lucas iniciou as buscas juntamente com a polícia. O corpo foi achado dois dias depois do desaparecimento, em 23 de março de 2001, em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama, em Salvador.

Por ter sido queimado vivo, o corpo de Lucas estava carbonizado quando encontrado.

 

Por que o julgamento demorou tantos anos?

 

O julgamento dos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva demorou cerca de 16 anos, levando em conta o ano da denúncia feita por Silvio Galiza.

Ao longo desse período, houve muitas movimentações acerca do caso na Justiça. Em 2013, os pastores Joel e Fernando foram inocentados pela Justiça e a família de Lucas recorreu da decisão.

Em setembro de 2015 os desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) decidiram, por unanimidade, que os religiosos fossem à júri popular e a decisão foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

Porém, em 2018 o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, anulou, por falta de provas, o processo que envolve a participação do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte do adolescente.

Foi apenas em 2020 que a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que os dois pastores acusados, Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, deveriam ir a júri popular.

 

O que os acusados dizem?

 

Em nota, a defesa dos pastores disse que está convicta da inocência deles e que não há provas ou indícios contra Joel Miranda e Fernando Aparecido.


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