22/04/2023 às 09h46min - Atualizada em 22/04/2023 às 09h46min

COVID-19: baixa adesão à vacina bivalente preocupa especialistas

Apenas 17,38% dos mineiros e 29,9% dos moradores de BH convocados tomaram o imunizante que protege contra novas cepas do coronavírus

AB Notícia News
Estado de Minas
Leandro Couri/EM/D.A Press
Quase dois meses após a vacinação bivalente contra a COVID-19 ser disponibilizada em Minas Gerais, a cobertura indica baixa adesão ao reforço. Apenas 17,38% dos mineiros elegíveis tomaram a dose da vacina. Na capital, o número também preocupa: somente 29,9% do público convocado foi aos postos receber o imunizante.

Com melhor performance na defesa contra a doença, a bivalente é a principal aposta das autoridades de saúde para proteger os grupos expostos a maior risco. Sem a adesão da população, governo do estado e Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) se deparam com um novo desafio para manter o controle da pandemia.

 
 
O público estimado para receber a bivalente em BH é de 485.797 pessoas. A cobertura ainda abaixo dos 30% significa que mais de 340 mil moradores da capital poderiam ter completado o calendário vacinal mas ainda não o fizeram.

Em Minas Gerais, já foram aplicadas 1.062.290 doses da vacina, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Mais de 5 milhões de pessoas ainda não tomaram a bivalente. Além dos idosos, a vacina também está liberada para o público imunocomprometido a partir de 12 anos, trabalhadores da saúde, gestantes e puérperas, indígenas e quilombolas.
 
Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, a cobertura está muito aquém do esperado. “Ainda é um número muito pequeno para um público que tem urgência em se vacinar, e está longe de completar a meta vacinal. O futuro agora vai ser a bivalente”, avalia o médico infectologista Leandro Curi.
 
A vacina bivalente é a aposta do poder público para frear uma possível nova escalada de internações por COVID-19, especialmente entre os grupos de maior risco, já que ela oferece proteção contra mais de uma cepa do vírus. Por isso a urgência em intensificar a adesão à campanha, frisam especialistas.

“Nas primeiras vacinas, usamos o vírus lá do começo da pandemia, que não é o que está circulando atualmente. Ele sofreu mutações, então, o sistema imunológico tem que se preparar para essas novas cepas, e o caminho para isso é tomando a vacina bivalente”, destaca o infectologista Estêvão Urbano, que integrou o extinto Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da prefeitura.
 
Na avaliação de especialistas, apesar do atual cenário de tranquilidade em relação à pandemia, com redução nos números de mortes e internações, a população e o poder público devem se manter em constante estado de vigilância.

“Não podemos subestimar o perigo do vírus. Quando as internações e óbitos caem drasticamente, a tendência da população é relaxar. Mas a pandemia, definitivamente, ainda não acabou, pessoas continuam se contaminando e transmitindo a doença”, reitera o infectologista Leandro Curi. Ele lembra que essa sensação de segurança só foi conquistada graças à vacinação. “Se os reforços forem abandonados, aumenta o risco de novas variantes e formas graves da doença”, completa.
 
Estêvão concorda com o colega e aponta, ainda, que a imunidade das primeiras doses apresentou uma queda significativa nos níveis de anticorpos. Para ele, ampliar a vacinação para todos os públicos ajuda a intensificar a proteção aos mais vulneráveis, especialmente devido ao descuido dos mais jovens.

“Nós temos visto um alto nível de contaminação entre os jovens. As mortes reduziram, mas as contaminações continuam alarmantes”, disse. “No futuro, é mais provável que convivamos com o coronavírus de forma endêmica. É um vírus que veio para ficar, e deve se manifestar daqui para frente em casos mais leves”, aponta.
 
Para que haja um equilíbrio nesse panorama, as pessoas devem seguir sempre as recomendações futuras sobre a vacinação, nunca deixando de se imunizar conforme for determinado, ou se aparecer uma variante completamente diferente, mais agressiva e que fuja à ação das vacinas.

 “Ainda não sabemos que caminho o vírus vai tomar; se ele vai mitigar e sumir, ou se vamos viver sempre com essas flutuações da doença. O que a gente aprendeu nos últimos anos é que manter a vigilância e vacinar é fundamental”, complementa o infectologista Leandro Curi.


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