21/04/2023 às 08h40min - Atualizada em 21/04/2023 às 07h40min

Áudios mostram pressão de chefe da Receita de Bolsonaro para liberar joias retidas em aeroporto

Nos últimos do mandato do ex-presidente, Júlio César Vieira Gomes mobilizou servidores até de folga na praia

AB Notícia News
O Globo
Reprodução

O ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes pressionou funcionários do órgão e mobilizou até servidor de folga na praia para a liberação das joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro. É o que revelam áudios enviados por aplicativo de mensagens obtidos pela TV Globo. Os acessórios, avaliados em R$ 16,5 milhões, foram apreendidos na alfândega do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

"Bota todo mundo para trabalhar de forma que a gente consiga cumprir isso daí, disponibiliza amanhã às 5h da tarde, tá?", diz Gomes em um áudio enviado na tarde do dia 28 de dezembro ao superintendente da Receita em São Paulo, José Roberto Mazarin.

Em seguida, José Roberto Mazarin acionou o então subsecretário-geral da Receita, José de Assis, que já estava na folga de fim de ano.

"Eu estou chegando na praia, Mazarin. Aí, eu vou encaminhar, ele mandou para mim, é... Ele está em uma pressão danada para ver se consegue resolver esse negócio ainda hoje. Ele quer que tire umas fotos de perfil dos produtos retidos lá e o certificado do documento”, diz José de Assis na mensagem.

Ainda em 28 de dezembro, o subsecretário-geral da Receita, José de Assis, disse a José Roberto Mazarin que os auditores da Alfândega estavam certos em exigir toda a documentação necessária para liberar as joias milionárias.

"A gente tem que olhar a documentação, verificar, de fato, que comprova que é da União e, a partir daí Porque o valor assusta de fato, né? Um colar... Acho que um colar de 1 milhão de euros, se eu não me engano, é assustador de fato. Mas se é da União, encaminha-se à União”, ressalta Assis.

No dia 29 de dezembro, sob orientação do ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro, coronel Mauro Cid, o sargento Jairo Moreira da Silva, esteve pessoalmente no Aeroporto de Guarulhos para tentar reaver as joias.

As joias foram encontradas na mala de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque e não foram declarados à Receita. Para entrarem legalmente no país, os acessórios poderiam ser registrados como item pessoal, o que obrigaria o pagamento de imposto, ou declarados como presente para o Estado brasileiro, o que requer um trâmite específico para ser incorporado aos bens da União, o que também não havia sido feito.


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